Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Jornalista brasileiro Murillo António de Carvalho vence Prémio Leya...



"Surpresa. Dos oito livros finais que sobraram dos 448 concorrentes, seis eram brasileiros e dois portugueses. O grande vencedor é um desconhecido em Portugal. Jornalista brasileiro, Murillo António de Carvalho é um viajante e anda quase sempre só, a filmar a terra e as suas gentes.

Jornalista brasileiro recebe cem mil euros.

"Ainda não sei bem o que vou fazer com tanto dinheiro. É de facto muito dinheiro. Penso que vou continuar viajando e financiar mais documentários. Trabalhar na Amazónia fica muito caro", revelou ao DN, por telefone, o brasileiro Murillo António de Carvalho, 60 anos, que acabara de saber ter vencido o prémio Leya, com a sua obra O Rastro do Jaguar.

Especialista em documentários para televisão, Murillo encontra-se neste momento na Amazónia a fazer um documentário para o canal brasileiro SBT "sobre alguns rios na Amazónia que estão vivendo as suas peculiaridades com a seca, onde também quero mostrar uma série de situações difíceis em que vivem índios e cabouclos", explica ao DN.

Com oito livros de reportagem publicados no Brasil e em França, assim como várias longas metragens, Murillo recebera nos anos 80 com Fronteiras das Almas o 1º Prémio do Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro.

O seu romance, que venceu entre 448 originais, fala sobre a guerra do Paraguai no século XIX, cuja trama passa por Portugal, Brasil, Argentina e Uruguai. Um jornalista português e um índio que é levado para a Europa em criança e regressa aos 50 anos, vindo a tornar-se num líder guerreiro guarani, são alguns dos personagens. "O livro não fala só dessa guerra, fala também de como esses índios concebem o universo e como vêem a guerra contra brancos e gaúchos", conclui o autor.

Votação secreta

A votação do júri foi secreta e nenhum dos seus membros sabia quem era o autor das obras que leu. Ontem, na conferência de imprensa, Isaías Gomes Teixeira, do grupo Leya, disse que a escolha dos seu membros fora "feita de acordo com a competência e carácter de cada um, porque o prémio tem de ser transparente". Entraram no júri Manuel Alegre , Nuno Júdice, José Seabra Pereira, Lourenço da Costa Rosário, Rita Chaves, Pepetela e Carlos Heitor Cony.

Para o júri, O Rastro do Jaguar "é obra de fôlego, que refigura uma vasta erudição, combina narrativa histórica e arte poética, elaboração wagneriana e aura profética, de forma a prender o interesse da leitura por uma saga onde se conjugam a busca individual de raízes e o destino ameríndio."

in DN online, 15-10-2008

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.