"A exibição do filme "O crime do padre Amaro" motivou a confissão. "Ana" (nome fictício), contou à professora que há muitos anos era abusada sexualmente por um familiar. O homem foi detido pela PJ e está em prisão preventiva.
Era ainda uma criança quando começou a ser abusada. O homem, seu familiar próximo, é emigrante na Alemanha e quando regressava de férias à terra natal encontrava-se com a menina.
"Ana" não se terá apercebido muito bem o que lhe estava acontecer. À medida que foi crescendo ter-se-á interrogado sobre a situação e achou mesmo que não era normal. Um dia, encheu-se de coragem e contou aos pais. Ninguém acreditou na história e o assunto "morreu" em casa.
Há poucos dias, numa aula de "Educação Cívica", disciplina dedicada à discussão de problemas actuais dos jovens, a professora, que é também directora de turma, passou o filme "O crime do padre Amaro". A ideia era falar sobre abusos. A cena de violação de uma jovem, protagonizada por Soraia Chaves (ver caixa) e Nuno Melo foi mais do que o que Ana conseguiu suportar.
Finalmente, terá tomado consciência dos abusos que sofria há anos e desatou num pranto em plena sala de aula.
"A jovem percebeu que o que lhe estava a acontecer não era normal e decidiu contar à professora o que se estava a passar", disse, ao JN, fonte policial, revelando que a menina "estava com medo que o abuso voltasse a acontecer, uma vez que o familiar se encontrava de férias em Portugal". A professora ouviu a história de "Ana" e alertou a Polícia.
O homem, de 43 anos, foi detido pelos inspectores da Polícia Judiciária de Leiria e acabou por confessar "os abusos sexuais sobre a vítima, desde a sua tenra idade".
Foi presente ao juiz de instrução criminal do Tribunal da Comarca de Abrantes, tendo-lhe sido aplicada a medida de coacção mais gravosa, a prisão preventiva. Está agora no Estabelecimento Prisional de Torres Novas a aguardar o julgamento.
Deste homem pouco foi revelado. É jardineiro, não tem filhos, vive maritalmente com uma mulher no estrangeiro. Regressava de férias a Portugal, pelo menos uma vez por ano.
"Ana" continua na escola e recebe apoio psicológico. Apenas a professora sabe do caso. A família, com alguns problemas sociais, está incrédula e tenta perceber ainda como tudo aconteceu. "
in JN online, 17-10-2008
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