"Espero do PCP um pedido de desculpas pelo saneamento ou que apresente provas em contrário, se as tiver." O repto é do médico portuense Daniel Serrão, saneado em 1975 por se opor à tomada comunista do hospital e da faculdade onde exercia, como relata num livro apresentado ontem no Porto e amanhã em Lisboa.
Daniel Serrão era professor na Faculdade de Medicina do Porto e médico no Hospital de São João, da mesma cidade, quando em 1975 se viu destituído de ambas as funções com ‘Um Saneamento Exemplar’, hoje título do livro que demorou mais de trinta anos a escrever.
A obra, editada pela Alêtheia, vale pelo "carácter de exemplaridade e por ilustrar uma época da sociedade portuguesa que todos desejamos que nunca mais se repita", avalia o autor em declarações à Lusa.
Testemunho do saneamento político de que foi alvo, Daniel Serrão sustenta que para lhe dar forma se socorreu não só da memória mas também de documentos que o inocentam da acusação de "ter denunciado estudantes à PIDE", acto que classifica de "repugnante".
"Esta informação era falsa", escreve a justificar por que se manteve em funções. "Em 23 de Junho de 1975 soube, por uma notícia de um jornal, que tinha sido demitido de professor e da Função Pública por despacho do ministro da Educação e da Cultura", lê-se no livro ‘UmSaneamentoExemplar’.
A reintegração, por decisão do Conselho de Revolução, demorou um ano, mas Daniel Serrão não esqueceu nem tão-pouco perdoou. "O PCP e a extrema-esquerda estiveram por detrás destas decisões."
Diz mais: "Atribuíram-me poderes extraordinários, resultantes da minha suposta vinculação a uma organização secreta de orientação nazi, ligada a movimentos europeus de católicos integristas."
Das pouco mais de 200 páginas do livro de Daniel Serrão, mais de metade integram material que ora o ilibam das acusações dos outros ora sustentam as suas.
Daniel Serrão
O médico, de 80 anos, nasceu em Vila Real e vive no Porto desde os anos 50. Especialista em Ética, distinguiu-se em Anatomia Patológica e Bioética, recebendo o Prémio Pfizer em 1961. Jubilou-se em 1998."
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in CM online, 02-10-2008
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