Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

terça-feira, 7 de abril de 2009

Bossa-nova na voz sussurrante de Diana Krall...


Em 'Quiet Nights' a cantora canadiana interpreta temas de Antônio Carlos Jobim assim como alguns 'standards' adaptados ao ritmo da bossa-nova. Um disco calmo, como o título indica, e que Diana Krall considera o seu trabalho mais "sensual e erótico".

Foi numa viagem ao Brasil, no ano passado, que a cantora canadiana Diana Krall decidiu que queria fazer um álbum dedicado à bossa-nova. Lançado mundialmente a 30 de Março, Quiet Nights (a versão inglesa para Corcovado, de Antônio Carlos Jobim) é um disco que corresponde exactamente ao título: calmo, sereno, sussurrante. "Sensual e erótico", como o descreveu a cantora, que interpreta temas clássicos da bossa-nova (além de Quiet Nights, há ainda Este Seu Olhar e The Boy from Ipanema, todos de Jobim, e So Nice, de Paulo Sérgio Valle) e standards que são adaptados a este ritmo.

Krall canta e toca ao piano, acompanhada pelo guitarrista Anthony Wilson, o baixista John Clayton, o baterista Jeff Hamilton, o percussionista brasileiro Paulinho da Costa e ainda pela orquestra dirigida por Claus Ogerman, também responsável pelos arranjos. Krall tinha trabalhado com Ogerman em The Look of Love, de 2001, e queria muito voltar a colaborar com este músico, que tem no currículo discos de João Gilberto, Bill Evans ou Tom Jobim, incluindo o disco de Jobim com Frank Sinatra (1967). "Há poucas lendas com quem trabalhar e Claus Ogerman é uma delas", afirmou Diana Krall ao jornal The Star.

À ideia de fazer um álbum com a sonoridade da bossa-nova juntou-se a vontade de trabalhar com uma orquestra e, quando se sentou ao piano, os temas foram-lhe aparecendo instintivamente. "Interpretar bossa-nova é algo que me dá muito prazer", admite.

Com onze discos e vários Grammy, a canadiana considera que chegou ao ponto da sua carreira em que pode fazer o que lhe apetecer, sem ter de dar justificações e sem ligar aos críticos que a acusam de, neste álbum, ter "jogado pelo seguro". "Vivemos neste mundo de ídolos- pop onde se espera que toda a gente faça essa ginástica vocal", disse numa entrevista, explicando ainda que aquilo que parece "fácil" pode não ter sido assim tão "fácil" de fazer. Mesmo se, como reconheceu, a maioria das músicas foi gravada apenas num take.

Ela diz que é uma questão de maturidade. O produtor Tommy LiPuma, que trabalha com Krall desde 1994, confirma: "Ela usa cada vez mais a voz como um instrumentista e não como uma simples cantora." E compara-a a Peggy Lee, na sua fase mais madura.

Krall voltou ao Brasil para gravar um DVD (Diana Krall - Live in Rio, com edição mundial em Maio, embora ainda sem data de edição em Portugal) e ficou ainda mais fascinada com o modo como o público reagiu: "São os standards deles, até os miúdos sabem todas as canções. Quando comecei a tocar Este Seu Olhar, o público desatou a cantar comigo, como um coro. Está-lhes no sangue!"

Diana Krall começa a digressão no próximo dia 15 e vai continuar na estrada até Dezembro. Para já não tem previsto nenhum concerto em Portugal. Mas isso não quer dizer que não apareça por aí.

(Texto in DN online, 07-4-2009)

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.