Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

MEMÓRIAS: 'TOURADA'



"Não importa Sol ou sombra
Camarotes ou barreiras
Toureamos ombro a ombro
As feras
Ninguém nos leva ao engano
Toureamos mano a mano
Só nos podem causar dano
Espera
Entram guizos chocas e capotes
E mantilhas pretas
Entram espadas chifres e derrotes
E alguns poetas
Entram bravos cravos e dichotes
Porque tudo o mais
São tretas
Entram vacas depois dos forcados
Que não pegam nada
Soam brados e olés dos nabos
Que não pagam nada
E só ficam os peões de brega
Cuja profissão
Não pega
Com bandarilhas de esperança
Afugentamos a fera
Estamos na praça
Da Primavera
Nós vamos pegar o mundo
Pelos cornos da desgraça
E fazermos da tristeza
Graça
Entram velhas doidas e turistas
Entram excursões
Entram benefícios e cronistas
Entram aldrabões
Entram marialvas e coristas
Entram galifões
De crista
Entram cavaleiros à garupa
Do seu heroísmo
Entra aquela música maluca
Do passodoblismo
Entra a aficionada e a caduca
Mais o snobismo
E cismo
Entram empresários moralistas
Entram frustrações
Entram antiquários e fadistas
E contradições
E entra muito dólar muita gente
Que dá lucro aos milhões
E diz o inteligente
Que acabaram as canções"
'Tourada', escrita por José Carlos Ary dos Santos, foi a canção vencedora do Grande Prémio TV da Canção 1973 e, consequentemente, representou Portugal no Festival Eurovisão da Canção 1973, sendo interpretada em português por Fernando Tordo.


 

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.