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"Um em cada dois portuenses tem medo de sair de casa depois do pôr do sol, revelou Cândido Agra, responsável do Observatório de Segurança do Porto, orador convidado na comemoração do 7º ani- versário do Executivo de Rui Rio.
De acordo com os dados divulgados pelo especialista, entre 10% a 30% das pessoas receia ser vítima de um crime. O especialista salvaguardou, contudo, que este sentimento de insegurança assenta num paradoxo: é que as estatísticas comprovam que a maioria dos crimes ocorrem durante o dia.
No discurso proferido na sessão comemorativa de mais um aniversário do Executivo liderado pelo social-democrata Rui Rio, o catedrático em Criminologia apresentou os mais recentes dados do Observatório de Segurança. Que revelam outro paradoxo: a grande maioria das pessoas sente-se segura na zona onde vive e insegura noutras zonas, embora a maior parte dos crimes aconteça, precisamente, na área de residência das vítimas.
O estudo do Observatório demonstra que os portuenses identificam-se com a zona onde moram: 90% das pessoas dizem que a zona onde vivem é boa e que ali consideram-se em casa; mais de 80% referem ser muito importante viver nessa zona; e mais de 75% esperam viver ali muito anos.
As situações que mais preocupam os portuenses variam segundo a área de residência. Por outro lado, cerca de 70% dos inquiridos consideram que a Justiça é branda, mas apenas uma percentagem reduzida (entre 20% e 25%) aceitariam a pena de morte.
Cândido Agra falou depois do presidente da Câmara, Rui Rio, ter aberto a sessão. Num discurso que ocupava 20 folhas A4, o autarca reiterou que a coesão social é a prioridade. Uma forma de combater a "injustiça social e os graves desequilíbrios daí decorrentes e, fundamentalmente, a germinação de insegurança urbana".
"Tínhamos algumas bombas-relógio prontas a explodir que, no espaço de poucos anos, poderiam evoluir para situações como aquela que, por exemplo, se vive hoje no Bairro do Aleixo", disse Rio.
Sublinhando que a demolição do último bloco do S. João de Deus, a 16 de Dezembro passado, foi "um dos momentos mais reconfortantes" de toda a sua carreira política e profissional, o presidente da Câmara recordou que já foi dado o "tiro de partida para solucionar o problema do Aleixo".
"Vamos em frente e acreditamos que, o mais tardar, em 2010 poderemos começar as demolições", preconizou Rui Rio.
No que diz respeito à segunda prioridade do Executivo, a revitalização da Baixa, o presidente entende que a animação "é uma aposta ganha", mas criticou o Governo no esforço que é preciso fazer para repovoar o centro.
"Falta o mais difícil: aumentar significativamente a população residente no centro do Porto. A crise económica e de confiança que se instalou no país em nada ajuda um projecto desta envergadura. O facto do Governo não entender a importância da reabilitação urbana para a dinamização da economia nacional e regional, preferindo discutir uns trocos no âmbito da sua participação na SRU [Sociedade de Reabilitação Urbana] deixa-nos mais entregues a nós próprios e à nossa capacidade de angariar investidores", disparou Rui Rio."
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in JN online, 09-01-2009
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