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A directora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Ann Veneman, considerou "trágico e inaceitável" que mais de 300 crianças tenham sido mortas e outras 1.500 feridas em Gaza desde 27 de Dezembro do ano passado.
Numa declaração emitida em Joanesburgo, na ocasião em que a Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançou o seu relatório anual dedicado ao estado da saúde materno-infantil no mundo, Veneman salienta que "estes números não são apenas estatísticas, tratando-se de vidas interrompidas de crianças".
"Nenhum pai ou mãe pode assistir a isto sem pensar nos seus próprios filhos. Isto é trágico e inaceitável", refere a directora-executiva da UNICEF que apela a todas as partes para que protejam as crianças no conflito.
A declaração nota que o conflito em Gaza é único no sentido em que as crianças e as suas famílias não têm qualquer hipótese de fuga nem local para se refugiarem, estando encarceradas numa área circunscrita.
"A simples ideia de estarmos encarcerados numa área sem saídas é assustadora para qualquer adulto em tempo de paz. O que passará pela mente das crianças que se encontram armadilhadas no meio de uma violência tão implacável?", questiona a declaração assinada por Ann Veneman.
Veneman recorda que as crianças constituem a maioria da população da faixa de Gaza e que são elas que sofrem o impacto maior de um conflito que não é delas.
À medida que a batalha alastra para o coração de áreas urbanas densamente povoadas, o impacto das armas letais provocará um balanço ainda maior de vítimas entre as crianças. Prioridade absoluta deve ser dada à sua protecção", salienta o comunicado.
Recordando que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, se encontra neste momento no Médio Oriente a apelar ao respeito total e imediato pelas resolução 1860 do Conselho de Segurança que apela a um cessar-fogo imediato, duradouro e respeitado por todas as partes e pela permissão de prestação de assistência humanitária em Gaza, a responsável da UNICEF pede que as populações civis e em particular as crianças sejam protegidas no conflito.
"As escolas e instalações de saúde devem ser protegidas e consideradas zonas de paz em todas as circunstâncias", refere a declaração que conclui:
"Para além das necessidades imediatas das crianças que perderam as suas casas, não têm acesso a água, electricidade e medicamentos, para além das horríveis cicatrizes físicas e ferimentos, estão, no entanto, as profundas feridas psicológicas destas crianças e para elas o processo de sarar as feridas sociais e psicológicas será longo e difícil".
A UNICEF garante que está a fazer todos os possíveis, com os meios ao seu alcance e os parceiros disponíveis, para ajudar as crianças de Gaza nas actuais e difíceis condições.
A organização das Nações Unidas insiste que só após a declaração de cessar-fogo se poderá iniciar para milhares de crianças o processo de cicatrização dos traumas sofridos e a "longa jornada de retorno a uma situação que se assemelhe vagamente aos direitos fundamentais de uma criança, ao direito a uma vida livre de violência física e psicológica".
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in JN online, 15-01-2009
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