Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Responsável da ONU: Morte de 300 crianças em Gaza é "trágica e inaceitável"...

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A directora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Ann Veneman, considerou "trágico e inaceitável" que mais de 300 crianças tenham sido mortas e outras 1.500 feridas em Gaza desde 27 de Dezembro do ano passado.

Numa declaração emitida em Joanesburgo, na ocasião em que a Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançou o seu relatório anual dedicado ao estado da saúde materno-infantil no mundo, Veneman salienta que "estes números não são apenas estatísticas, tratando-se de vidas interrompidas de crianças".

"Nenhum pai ou mãe pode assistir a isto sem pensar nos seus próprios filhos. Isto é trágico e inaceitável", refere a directora-executiva da UNICEF que apela a todas as partes para que protejam as crianças no conflito.

A declaração nota que o conflito em Gaza é único no sentido em que as crianças e as suas famílias não têm qualquer hipótese de fuga nem local para se refugiarem, estando encarceradas numa área circunscrita.

"A simples ideia de estarmos encarcerados numa área sem saídas é assustadora para qualquer adulto em tempo de paz. O que passará pela mente das crianças que se encontram armadilhadas no meio de uma violência tão implacável?", questiona a declaração assinada por Ann Veneman.

Veneman recorda que as crianças constituem a maioria da população da faixa de Gaza e que são elas que sofrem o impacto maior de um conflito que não é delas.

À medida que a batalha alastra para o coração de áreas urbanas densamente povoadas, o impacto das armas letais provocará um balanço ainda maior de vítimas entre as crianças. Prioridade absoluta deve ser dada à sua protecção", salienta o comunicado.

Recordando que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, se encontra neste momento no Médio Oriente a apelar ao respeito total e imediato pelas resolução 1860 do Conselho de Segurança que apela a um cessar-fogo imediato, duradouro e respeitado por todas as partes e pela permissão de prestação de assistência humanitária em Gaza, a responsável da UNICEF pede que as populações civis e em particular as crianças sejam protegidas no conflito.

"As escolas e instalações de saúde devem ser protegidas e consideradas zonas de paz em todas as circunstâncias", refere a declaração que conclui:

"Para além das necessidades imediatas das crianças que perderam as suas casas, não têm acesso a água, electricidade e medicamentos, para além das horríveis cicatrizes físicas e ferimentos, estão, no entanto, as profundas feridas psicológicas destas crianças e para elas o processo de sarar as feridas sociais e psicológicas será longo e difícil".

A UNICEF garante que está a fazer todos os possíveis, com os meios ao seu alcance e os parceiros disponíveis, para ajudar as crianças de Gaza nas actuais e difíceis condições.

A organização das Nações Unidas insiste que só após a declaração de cessar-fogo se poderá iniciar para milhares de crianças o processo de cicatrização dos traumas sofridos e a "longa jornada de retorno a uma situação que se assemelhe vagamente aos direitos fundamentais de uma criança, ao direito a uma vida livre de violência física e psicológica".
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in JN online, 15-01-2009

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.