Mais de 1900 pessoas já morreram devido à epidemia de meningite que está a afectar a África Ocidental. Os Médicos Sem Fronteiras indicam que a Nigéria, Chade e Níger são os países mais afectados.
"É habitual haver um surto epidémico nesta parte de África, mas este ano a infecção é especialmente agressiva. Desde 1996 que não se via uma tão forte na Nigéria, e que quase se pode dizer o mesmo do Chade e do Níger", referiu ao El País Miriam Alia, enfermeira da organização não-governamental que nas últimas semanas trabalhou em nove estados do norte da Nigéria.
Para combater a epidemia de meningite, a MSF está a implementar, em colaboração com os Governos dos países afectados, uma das maiores campanhas de vacinação da sua história. Trabalhadores locais e estrangeiros cooperam em diversas áreas a um ritmo vertiginoso, numa luta contra o tempo. "Sem tratamento metade dos afectados morre", alerta a enfermeira da MSF.
Há pouco mais de dez anos o pior surto de meningite de que há memória em África matou 25 mil pessoas.
O contágio actual é um dos mais graves das últimas décadas, levando a Organização Mundial de Saúde a chamar as atenções para o seu grau de letalidade.
A transmissão do tipo de meningite bacteriana em causa (meningocócica de tipo A) ocorre de pessoa a pessoa pelo nariz e pela boca. O ar seco, o pó e o vento irritam a garganta, levando a que esta deixe de actuar como barreira, explica Olímpia de la Rosa, responsável técnica de emergências dos MSF. Este ano a transmissão está a ocorrer de uma forma muito rápida e chegou aos campos de refugiados do Darfur.
" A vacina evita que a pessoa fique doente de meningite, mas não evita a transmissão", explica Olímpia de la Rosa.
A situação é especialmente preocupante devido à falta de acesso da maior parte dos africanos à vacina. Na Nigéria, assim como noutros países africanos, quem se quiser vacinar tem de pagar. Segundo os cálculos da MSF vacinar uma pessoa contra a meningite tem o custo aproximado de um euro, pelo que a organização chegou a acordo com estes Estados de modo a fornecê-la de modo gratuito às populações.
in Expresso online, 09-5-2009
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