Durão Barroso considera que as críticas que têm sido feitas, em França, à sua prestação como presidente da Comissão Europeia e à sua eventual recondução no cargo, denunciam uma tentação de ultrapolitização feita de forma dogmática e até fanática que não corresponde à realidade. O Governo francês tem mantido uma certa ambiguidade no apoia a um segundo mandato seu, tendo o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Bruno Le Maire, afirmado esta semana que os líderes europeus deveriam dar apenas uma indicação na próxima cimeira, em vez de tomar uma decisão definitiva.
Numa entrevista ao jornal Le Monde, o ex--primeiro-ministro português lembrou que a instituição que está em causa nesta campanha é o Parlamento Europeu, não propriamente a Comissão Europeia. Afirmou que o Conselho Europeu de 18 e 19 de Junho deve tomar uma decisão sobre um segundo mandato seu à frente da Comissão, pois, diz, "não seria normal permanecer na indecisão" num contexto de recessão económica. Essa decisão, assegura, deve ser tomada segundo o Tratado de Nice, que está em vigor, em vez de a UE estar à espera que o Tratado de Lisboa entre finalmente em vigor.
E a diferença é grande, pois segundo Nice são os governantes europeus que propõem o presidente da Comissão, mas segundo Lisboa esse presidente deve reflectir os resultados das eleições europeias. Ou seja, na hipótese, remota, de a direita perder, Barroso não poderia ser reconduzido. Além do mais o ex-líder do PSD conta já com o apoio expresso de primeiros-ministros de esquerda, como Zapatero, da Espanha. Questionado sobre o que é que lhes ofereceu em troca dessa manifestação de apoio respondeu: "Não garanti nada a ninguém."
in DN online, 20-5-2009
Sem comentários:
Enviar um comentário