A “Caralhota de Almeirim” é um pequeno pão com um diâmetro médio de 15 cm, de forma arredondada, côdea quebradiça e estaladiça, de tonalidade acastanhada, e miolo rústico, com olhos pequenos a médios.
O pão é amassado e obtido através de métodos típicos da região de Almeirim, Santarém.
As matérias-primas utilizadas no fabrico da “Caralhota de Almeirim” são: Farinha de trigo de tipo 55 ou tipo 65 ou similar; fermento de padeiro e/ou “Pão acrescentado”, ou seja, massa que ficou de véspera a levedar (cerca de 1% por cada 100 kg de farinha); água (50-65% por cada 100 kg de farinha) e sal (1,5% por cada 100 kg de farinha).
A produção “Caralhota de Almeirim” passa pela mistura dos ingredientes e amassadura, depois a massa é levedada e por fim a “Caralhota de Almeirim” é cozida em forno, geralmente no forno tradicional a lenha.
O nome “Caralhota” é como se chama ao borboto das camisolas de lã, na região de Almeirim.
A história deste pão, segundo o transmitido oralmente de geração em geração, é a seguinte: “Havia uma velhinha que estava a cozer pão e a filha raspou o alguidar de barro e fez uma bolinha com os restos.
Quando a senhora perguntou o que ela estava a fazer, respondeu: ‘Uma caralhota, mãe!’ E ficou assim".
A produção da “Caralhota de Almeirim” está circunscrita ao concelho de Almeirim.
A “Caralhota de Almeirim”, segundo relatos dos historiadores do concelho, deverá ter surgido entre o século XIX e princípios do século XX.
Numa zona rural, com poucos recursos, era em casa que se cozia o pão para dar de comer à família.
Era cozido uma vez por semana e guardado em sacos de pano, para ser comido ao longo da semana.
“Deus te acrescente que és para muita gente”, assim dizia a padeira, nos momentos da levedura e da cozedura, para trazer a boa sorte e garantir que o pão crescia.
Dizeres populares que ainda hoje são ditos e fazem parte de um património oral muito particular da região de Almeirim.
Conta o historiador Dr. Eurico Henriques: “Agarrados ao alguidar (porque era pouco, faziam-se em pequenas quantidades) ficavam pedaços de massa e nada podia ser desperdiçado.
A partir desses restos eram feitas bolas que eram, depois, cozidas.
A “Caralhota” aparece como uma forma de não desperdiçar o produto com que se está a trabalhar, porque custa muito.
O pão foi Deus que deu.”
Em Almeirim, a tradição da Caralhota, pequeno pão feito a partir do aproveitamento dos restos, vem, assim, de longe.
E surge ligada às necessidades do povo.
A fama da “Caralhota de Almeirim” deu-se com o progresso da restauração em Almeirim, terra de tradições gastronómicas bem arreigadas.
O pão mais pequeno é um acompanhamento que complementa a também afamada “Sopa da Pedra” e foram os restaurantes que começaram a fazer o próprio pão e a apresentá-lo como parte deste prato tradicional.
Nas padarias ou na restauração, são muitos aqueles que, em Almeirim, se esforçam por manter viva a chama do forno a lenha.
E por garantir que a Caralhota continua a ser imagem de marca da terra.
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