Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

sexta-feira, 19 de abril de 2024

LUÍSA DE JESUS E A RODA DOS ENJEITADOS



(Uma história verídica que poderá impressionar as pessoas mais sensíveis)
A RODA DOS ENJEITADOS OU DOS EXPOSTOS
Luísa de Jesus: a última mulher condenada à morte em Portugal matou 33 crianças.
Portugal tem quase 900 anos de história, rica em feitos gloriosos e nomes sonantes que se eternizaram como heróis.
Mas temos também pessoas que cometeram ações horríveis, e que ficaram para a história pelas piores razões, embora não sejam tão conhecidas junto do grande público.
Um desses casos é o de Luísa de Jesus, a última mulher portuguesa a ser condenada à morte e enforcada pelos seus crimes.
Luísa nasceu em Figueira do Lorvão, Penacova, em dezembro de 1748.
Era filha de Manoel Rodrigues e de Marianna Rodrigues, uma família de classe baixa.
Luísa trabalhava como recoveira, percorrendo as aldeias para fazer compra e venda de mercadorias.
A sua infância não parece ter sido muito diferente do costume para a época, não sendo ela vítima de maus-tratos ou de algo que fizesse prever o seu comportamento no futuro.
E que comportamento era esse?
Pois bem, Luísa de Jesus foi apontada como a primeira assassina em série portuguesa, tendo cometido crimes hediondos contra crianças.
Na época, era comum existirem casas com uma “Roda dos Enjeitados”, um dispositivo de madeira cilíndrico, muito comum em conventos e hospitais.
O dispositivo era dividido ao meio e giratório.
De um lado, as mães colocavam os bebés, abandonando a criança com privacidade.
Depois, tocavam a uma sineta para avisar que lá estava um bebé, para que a criança recebesse logo a atenção que merecia.
Na Casa da Roda de Coimbra, eram abandonadas 200 crianças por ano.
Apesar dos esforços da instituição, metade estava condenada a morrer, e muitas poucas tinham a sorte de encontrar o carinho de uma família.
Como incentivo à adoção, havia a oferta de 600 réis, além de um enxoval e meio metro de tecido grosso de algodão a quem levasse uma criança para a sua casa.
Como trabalhava como recoveira, Luísa conhecia muitas pessoas e conhecia diversas casas.
Assim, ia buscar crianças e bebés à Casa da Roda de Coimbra, supostamente em nome de outras famílias, comprometendo-se a entregá-las aos supostos adotantes.
No total, “adotou” 34 crianças, todos nesta casa.

 



Mas as intenções dela não eram boas: asfixiava as crianças com as próprias mãos, mal se encontrava sozinha com elas.
Seguia depois em direção ao Monte-Arroio, a poucos metros da Roda, onde as enterrava.
Por vezes, levava os corpos para o seu casebre, onde os desmembrava, colocando pedaços num pote e guardando-os debaixo da palha ou em buracos no chão.
Por cada criança, ela recebia os 600 réis, entre outras coisas, o que dá um total de 20 mil réis, valor elevado que representava o equivalente ao ordenado de seis meses de uma cozinheira ou ao ordenado de um ano de uma moça de cozinha do Hospital Real das Caldas.
Fornecia nomes e endereços falsos à diretora da Roda, Leocádia Maria da Conceição, e à ama Margarida Joaquina, que confiavam na veracidade das suas afirmações sem nunca confirmarem a sua veracidade.
A 1 de abril de 1772, os crimes de Luísa de Jesus chegaram ao fim, quando a freira Angélica Maria tropeçou num cadáver que se encontrava mal enterrado, no Monte-Arroio.
Foram realizadas escavações e descobriram-se mais dois bebés no local, com marcas de estrangulamento.
As suspeitas recaíram sobre Luísa, que foi interrogada a 6 de abril e confessou ter assassinado os 3 bebés encontrados.
Apesar da confissão, as autoridades decidiram continuar a investigação, tendo descoberto que a mulher tinha conseguido adotar diversas crianças, tendo supostamente servido de intermediária, embora nenhum bebé tivesse chegado ao seu destino.
A diretora da Roda e a ama foram presas, pelo que hoje chamaríamos de “negligência criminosa”, mas foram logo libertadas.
Também foi preso o advogado Pascoal Luís Ferreira da Silva, que tinha chegado a atestar a veracidade dos dados fornecidos por Luísa.
Também ele seria libertado pouco depois, por falta de provas no envolvimento nos crimes.
Entretanto, prosseguiam as escavações no Monte-Arroio, e o número de bebés encontrados foi assustador.
A 18 de abril, Luísa tinha confessado o seu envolvimento na morte de mais 7 crianças, mas já tinham sido descobertos 15 cadáveres.
Mais tarde, Luísa confessou ter morto mais 9 bebés, mas negou o seu envolvimento nas outras mortes.
Mas as descobertas macabras não ficaram por aqui.
Após uma busca à sua casa, foram encontrados 18 corpos de bebés, oito deles desmembrados e distribuídos em potes, e os restantes 10 enterrados.
Portanto, foram encontrados 33 corpos no total.
Luísa de Jesus adotou 34 crianças, mas nunca se descobriu o paradeiro da 34ª criança.
Luísa só confessou ter asfixiado 28 dos bebés.
Recebeu severa sentença a 1 de julho, tendo-se tornado a última mulher a receber a pena de morte em Portugal.
Segundo os juízes, nunca no nosso país se viu “um monstro de coração tão perverso e corrompido”.
Assim, Luísa foi condenada a percorrer as ruas com uma corda ao pescoço, enquanto os seus crimes eram lidos em voz alta.
Depois, foi queimada com uma tenaz em brasa, e teve as suas mãos decepadas.
Por fim, acabou por falecer no garrote, e o seu cadáver foi queimado pouco depois.
Luísa de Jesus tinha apenas 24 anos quando deu o seu último suspiro, mas deixou um legado negro de morte e de terror que ficou para a história pelos piores motivos.




(Fonte: Wikipédia)


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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.