O tabaco matou 12 615 pessoas no nosso país em 2005, cerca de três vezes mais do que o álcool, responsável por 4054 óbitos no mesmo período. São algumas das conclusões de um estudo comparativo entre os dois principais factores de risco para a saúde. Os resultados foram apresentados ontem pelo economista Miguel Gouveia, depois do debate com 28 peritos.
O estudo revela que o tabaco foi responsável por 12% do total de mortes no país, durante esse ano, sendo as principais causas as doenças respiratórias (49,4%) e o cancro (26%).
O estudo salienta ainda que o tabaco provocou 3,5 vezes mais danos e teve um peso 2,6 superior em termos de custos.
Em relação aos custos, o estudo aponta para o Serviço Nacional de Saúde gastar um total de 490 milhões de euros em doenças relacionadas com o tabaco. Destes, 126 milhões de euros foram despesas com internamentos hospitalares e 364 milhões custos de ambulatório, incluindo despesas com medicamentos, consultas e meios complementares de diagnóstico.
O álcool, por seu turno, terá sido responsável por um gasto total de 189 milhões de euros - 93 milhões em ambulatório e 96 milhões em internamento.
Em 2005, havia 20% de fumadores em Portugal. Um terço dos homens e 10% das mulheres fumavam.
Dos habitantes do continente com mais de 15 anos, 7,45 por cento consumia álcool em excesso - mais dos seis copos de vinho diários. Na população masculina essa percentagem é de 13,5% e na feminina 1,9.
O director-geral de Saúde comprometeu-se a não ignorar as conclusões do estudo ontem divulgado. Francisco George, afirmou que um dos erros da lei do tabaco é prever consultas para deixar de fumar em todos os centros de saúde, porque "não há médicos especialistas em cessação tabágica".
"Mas estas consultas devem existir para grandes fumadores e para as grávidas", disse o director-geral de Saúde que informou ir propor a alteração da lei neste aspecto.
Francisco George referiu ainda que a lei vai ser avaliada dentro de cerca de dois anos e meio com base na recolha e análise de vários dados estatísticos, deixando em aberto alterações em função dos resultados: "Podemos depois aligeirar ou apertar a lei. "
Os investigadores frisaram que os números do estudo não devem ser lidos como uma forma de "minorar os problemas do álcool", nomeadamente os efeitos na violência doméstica, acidentes viários e casos graves de saúde mental."
in JN online, 19-9-2008
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