Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Machado de Assis...


"Os nossos irmãos brasileiros, de que me sinto tão próximo, como brasileiro do coração, estão a celebrar a personalidade e a obra do escritor, que consideram o maior e mais importante da história literária do Brasil. O autor das Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Dom Casmurro e Quincas Borba, entre outros, consagrou-se como o maior escritor brasileiro de todos os tempos. Correspondendo, para os brasileiros, ao nosso Camões, Eça ou Pessoa e que comparam a Tolstoi ou Gustave Flaubert.
Na verdade, Joaquim Maria Machado de Assis, mulato, neto de escravos libertos e de ascendência portuguesa, como o nome indica, de origem humilde, nunca frequentou uma universidade e viveu, quase sempre no Rio de Janeiro, uma vida boémia - em que aprendeu imenso a observar as pessoas nas suas grandezas e misérias - mas também sem descurar a sua ascensão social, por via da literatura. O que conseguiu, incontestavelmente, apesar dos preconceitos da época.
Contudo, na vida cultural portuguesa, a personalidade literária de Machado de Assis é obviamente conhecida e admirada, mas não suficientemente. Apesar de um professor da Universidade Nova de Lisboa, Abel Barros Baptista, ter publicado, recentemente, dois interessantes livros sobre Machado de Assis, na editora Enicampo. Por tudo isso me atrevo a aconselhar a leitura de Machado de Assis às jovens gerações, tão actual como a do seu homólogo português Eça de Queiroz, um génio que escreveu na nossa língua comum e que nos ajudará a reforçar nos nossos espíritos a importância decisiva para Portugal do Brasil. Brasil e Portugal, os dois maiores pólos da CPLP, que não pode continuar a ser tão-só um instrumento para a expansão e conhecimento da língua portuguesa no mundo - de primeiríssima importância, aliás -, mas também uma comunidade de afecto, de solidariedade e de interajuda, que envolva as sociedades civis dos Estados membros."
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Mário Soares, DN, 30-9-2008
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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.