Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

domingo, 2 de novembro de 2008

Embaixador Hall Themido acusa: Aristides de Sousa Mendes é um "mito criado por judeus"...

"Uma autobiografia disfarçada, assim se chama o livro de memórias do embaixador João Hall Themido, agora editado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros. Um dos diplomatas portugueses com maior currículo, esteve dez anos em Washington (1971-81), período em que trabalhou com 12 ministros dos Estrangeiros. Foi mesmo dos raríssimos embaixadores que o 25 de Abril manteve no mesmo posto. Funcionário do MNE desde 1947, foi ainda director-geral dos Negócios Políticos, secretário-geral, e embaixador em Roma e Londres, onde terminou a carreira, em 1989.

"Um mito criado por judeus"
Um dos capítulos do livro, porventura o mais polémico, chama-se "A mitificação de Aristides de Sousa Mendes". O embaixador acusa o cônsul de "actuação irregular". "De forma totalmente irrealista, fala-se em 30 mil" o número de vistos "concedidos em apenas alguns poucos dias pelo cônsul e seus familiares, de forma cega, no consulado e até nos cafés da vizinhança". Themido sublinha "a necessidade de manter disciplina nos serviços que de forma directa ou indirecta pudessem, com a sua actuação, afectar o estatuto de neutralidade" do país. Para o embaixador, Aristides foi um "mito criado por judeus e pelas forças democráticas saídas do 25 de Abril". E mais à frente: "quando a família" do cônsul, "grupos judaicos e forças da esquerda ressuscitaram o assunto, procurei saber mais sobre o ocorrido". Observa que Aristides apenas "pertencia à carreira consular, considerada carreira menor em relação à carreira diplomática". Por outro lado, o processo disciplinar ao cônsul em Bordéus "foi o último de vários de que foi alvo ao longo da carreira, quase sempre por abandono do posto ou concussão". Nota que a maioria dos processos "desapareceu misteriosamente" do MNE e que o de Bordéus está "incompleto". Assim, considera "incompreensível criticar" o Ministério, "incluindo o ministro, por ter aplicado a lei nas circunstâncias da época"."
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in Expresso online, 01-11-2008
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Nota: Livro editado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, ou seja, com o dinheiro dos contribuintes portugueses, em momentos de crise...
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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.