Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

sábado, 20 de dezembro de 2008

Excelente artigo de opinião sobre a Reforma da Educação em Portugal...



"Desde o 25 de Abril de 1974 que o Ministério da Educação foi fogueira que queimou todos os ministros que procuravam fazer da melhor maneira o cumprimento político do programa do seu governo. Uns, contam-se por meses o tempo de exercício, sendo que, foram poucos, muito poucos aqueles que levaram o mandato ao fim.


Foram nomeadas figuras de grande prestígio cultural, intelectual, científico, político e conhecedores do ramo educacional e quase todos saíram remodelados. Isto para lembrar a grande dificuldade política e o desgaste pessoal que "mora" na Av. 5 de Outubro. Quer professores, alunos, pessoal administrativo e auxiliar quer organizações sindicais desencadearam sempre lutas enormes aos titulares da pasta da educação.


Agora, é a vez da ministra Maria de Lurdes Rodrigues ser o alvo dos sindicatos dos professores, com o pretexto da não aceitação "desta avaliação". Ora, vejamos algumas das medidas, que de momento me ocorrem, tomadas pela senhora ministra:


1. Encerramento de um número considerável de escolas, designadamente as que tinham menos de 10 alunos;


2. Prolongamento do horário escolar no 1.º ciclo, com introdução de aulas de Inglês, Educação Musical e Educação Física;


3. Concurso plurianual de professores (dando mais estabilidade ao corpo docente nas escolas);


4. Aulas de substituição. (Constata-se, hoje, haver mais assiduidade dos professores);


5. Novas regras de gestão das escolas;


6. Redução do número de professores a exercerem funções sindicais em benefício da actividade lectiva;


7. Gratuidade nas refeições aos alunos e mais apoio social às famílias para aquisição de livros. (procurando combater o abandono escolar);


8. Novo Estatuto do Aluno;


9. Novo Estatuto da carreira docente;


10. Finalmente, a avaliação dos professores.


Chegados aqui, e admitindo até alguns erros de estratégia política, a senhora ministra está submetida a ataques cruzados. De um lado, professores e sindicatos. Do outro, os partidos da Oposição. A CGTP e o PCP alimentam a agitação das "massas" com um calendário previamente acertado. O BE cavalga a onda do descontentamento do pessoal docente, vendo aqui oportunidade para possíveis ganhos eleitorais, em particular nos grandes centros urbanos.


O CDS e o PSD vêem a possibilidade do desprestígio da escola pública para assim poder tecer loas à escola privada. Claro que a intervenção da senhora ministra no comício do PS em Guimarães, quanto a mim bem, também leva os partidos da Oposição a serem ainda mais cáusticos.


Em todo este contexto político, em que se pretende a valorização da escola pública e, depois de tantas horas de reuniões, negociações e encontros em que o Ministério aceitou sugestões para desburocratizar o modelo de avaliação, verifica-se que do lado da plataforma sindical continua a haver um radicalismo inaceitável que bate apenas numa tecla: suspensão da avaliação. A ministra, com coragem, determinação e capacidade negocial demonstrada, só tem um caminho. Esse caminho é o de avançar com o processo. Depois de tudo o que se passou, se a avaliação fosse suspensa, seria a gargalhada geral e o descrédito de uma política que está a mudar a Educação em Portugal."

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Agostinho Gonçalves, Professor do Ensino Secundário, Deputado do PS, opinião no JN online, 20-12-2008

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