"Uma associação de caridade presidida pela filha do líder líbio, Muammar Kadhafi, anunciou a intenção de condecorar com a "Ordem da Coragem" o jornalista iraquiano que domingo atirou um par de sapatos ao Presidente norte-americano.
"Por instrução da secretária-geral da Associação Waatassimu para as obras de caridade foi decido atribuir a Ordem da Coragem ao jornalista iraquiano Muntazer Al-Zaidi", indicou a organização em comunicado hoje divulgado aos jornalistas.
"O jornalista disse claramente 'não à violação dos Direitos Humanos' e exprimiu a posição atirando dos sapatos à cara do Presidente George W. Bush", acrescentou a associação presidida por Aicha Kadhafi.
O Presidente norte-americano realizou domingo uma visita surpresa ao Iraque e, durante uma conferência de imprensa, o jornalista atirou-lhe os dois sapatos, não tendo conseguido atingir Bush, que se desviou.
"É o beijo do adeus, espécie de cão", gritou Muntazer Al-Zaidi antes de atirar os sapatos e de ser imobilizado pela segurança, que o levou para fora da sala.
O incidente ocorreu após um encontro do Presidente norte-americano com o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki.
De acordo com órgãos de comunicação social presentes, o jornalista não conseguiu acertar, já que Bush se desviou a tempo e contou com a ajuda de Al-Maliki, que o tentou proteger.
George W. Bush conseguiu brincar com a situação, afirmando que só calçava o número 10, e disponibilizou-se, de imediato, para responder às questões dos restantes jornalistas presentes.
Opinião contrária à da associação da filha de Kadhafi tem a iraquiana Oum Mina, que assistia à televisão aquando do episódio.
"Este jornalista não é um herói. Bush é nosso inimigo, mas quando convidas o teu inimigo para vir ao teu país não o podes tratar desta forma", defendeu a jovem iraquiana, de rosto coberto, enquanto fazia compras numa das lojas no centro de Bagdad.
Para Oum Mina este incidente "pode destruir a imagem do Iraque", já que o jornalista "faltou ao respeito ao Presidente Bush e ao primeiro-ministro Al-Maliki".
Numa loja próxima, de roupa de mulher, o vendedor iraquiano Hamza Mahdi, de 30 anos, não disfarçou um sorriso, por considerar a situação caricata, mas é também crítico relativamente à actuação do jornalista do canal Al-Bagdadia.
"Honestamente, qualquer coisa de novo está a acontecer no Médio Oriente", afirmou, num tom sério. "Normalmente vemos coisas destas na Europa, mas entre nós é novo", disse.
"Não gosto de Bush, mas não estou de acordo com este gesto, isto não é civilizado. Os jornalistas têm o papel e a caneta para lutar, não os sapatos", argumentou."
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in JN online, 15-12-2008
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