(Ana Filipa com a mãe, à saída do apartamento da ama, onde é obrigada a dormir a maior parte das vezes)
«Ao mesmo tempo que acusou a ex-vereadora Helena Lopes da Costa de ter atribuído 22 casas municipais que não devia alegadamente ter atribuído, o Ministério Público apontou 24 exemplos de situações opostas: pedidos que correspondiam a "graves carências económicas e sociais" que deviam ter recebido uma resposta positiva mas foram "liminarmente indeferidos" entre 2004 e 2005, durante o período de Santana Lopes à frente da Câmara de Lisboa. Ana Filipa é um desses casos, talvez o mais dramático deles.
Aos 11 anos, Ana Filipa ainda vive no mesmo local onde morava quando a mãe dela pediu uma casa em 2004, por não ter rendimentos suficientes (200 euros por mês como vendedora ambulante) e pelo facto de a cadeira de rodas não passar na entrada da habitação clandestina que a família monoparental ocupa no Bairro do Oriente, perto do Parque das Nações, em Lisboa.
Ana Filipa sofre de uma paralisia cerebral que, embora não lhe afecte a inteligência, impede-a de andar. A mãe, Ana Marques da Silva, viu-se obrigada a deixar a filha a dormir em casa da ama, que mora no mesmo bairro, e enfrenta um problema ainda maior para o futuro da criança: a falta de transporte para a levar e a trazer a uma escola C+S, para que frequente o 2.º Ciclo de Ensino Básico.
Apesar de ser boa aluna, Ana Filipa teve de ficar novamente no quarto ano para não ficar sem aulas. A mãe fez um primeiro pedido de transporte à autarquia no ano passado, que voltou a submeter este ano, ainda sem saber que resposta vai ter.»
in Expresso online, 17-6-2009
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