Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

José Calvário: Dados biográficos do maestro...

«Lisboa, 17 Jun (Lusa) - O maestro José Calvário, hoje falecido, nasceu no Porto em 1951 e o piano foi um dos primeiros e marcantes "encontros" da sua vida. Tinha seis anos quando deu o seu primeiro recital, no Conservatório de Música daquela cidade.

Não muito tempo depois, com 10 anos, já então sabendo ler partituras, deu o primeiro concerto. A orquestra foi a Sinfónica do Porto, dirigida pelo maestro Silva Pereira.

Parecia encaminhado para uma carreira na música clássica mas assim não foi. Outras experiências lhe estavam reservadas e outra havia de ser a música em que se tornaria conhecido.

Depois do Porto, a etapa seguinte foi a Suíça, onde os pais queriam que se formasse em Economia.

Na Suíça, Calvário aceita o convite de colegas estudantes e integra uma orquestra de jazz. Os estudos postos de lado, acaba por receber dos pais a ordem de regressar, e cumpre-a.

Em 1971 está em Lisboa e um dia lê um anúncio do Festival da Canção. Decide concorrer - mal sabendo então que um ciclo decisivo da sua vida se inaugurava então.

Logo ano seguinte, com José Niza, representa Portugal na Eurovisão e o resultado é assinalável.
A canção portuguesa consegue então uma das melhores classificações de sempre.

Regressará ao Festival com Niza e a canção "E depois do adeus", que algum tempo depois seria uma das canções-chave do 25 de Abril.

Grava com cantores como Adriano Correia de Oliveira, Fernando Tordo, Carlos Mendes, entre outros, e a sua presença no cenário musical internacional intensifica-se. Recebe solicitações de diversas etiquetas.

Regressa à Suíça, onde permanece durante algum tempo trabalhando como jornalista, mas Portugal volta a impor-lhe o seu apelo.

"Saudades", um álbum de 1985, gravado com a Orquestra Sinfónica de Londres, é um sucesso de vendas. Calvário é já então um maestro e compositor conceituado em estúdios como o de Abbey Road, como assinalou à Lusa o cantautor Fernando Tordo.

Nos anos seguintes, a internacionalização prossegue e Calvário recebe, de vários quadrantes, convites para dirigir orquestras, gravar, compor. Os álbuns que grava são da ordem das dezenas, pagos alguns a expensas próprias. Ele tinha um "talento absolutamente invulgar", nas palavras de Tordo.

O mesmo Tordo assinalou à Lusa um outro traço da personalidade de Calvário: era, disse, uma figura "controversa, como convém a um artista".

Essa característica o terá levado, há poucos anos, a contestar a actual direcção da Sociedade Portuguesa de Autores, que acusou de ter cometido várias irregularidades.


Estava doente há oito meses, em "estado vegetativo" desde que o acometera um enfarte. »

Lusa, 17-6-2009

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.