Disfunção eréctil. Basta juntar as duas palavras para a maioria dos homens entrar em pânico. Haverá poucas doenças que ameaçam tanto a identidade masculina. Mas o que parece ser uma humilhação é, afinal, uma bênção que previne diabetes, arteriosclerose e enfartes. É um facto comprovado, garante o professor de Urologia da Universidade de Colômbia, em Nova Iorque, Ridwan Shabsigh.
"No dia em que um homem tiver uma disfunção eréctil, isso significa que, se mantiver os seus hábitos, terá um ataque cardíaco no espaço de três anos", explica o especialista perante uma plateia de médicos de todo o mundo, reunidos recentemente em Gotemburgo (Suécia) num seminário sobre perturbações sexuais masculinas.
A disfunção eréctil resulta igualmente do baixo nível de testosterona, um indicador que revela outra doença no intervalo de oito anos: a diabetes. Aquilo que é encarado como uma vergonha, funciona, afinal, como uma espécie de máquina para calcular os males que podem surgir a médio prazo. "É uma oportunidade de ouro para intervir." Homens de todas as idades ficam agora a saber que têm alguns anos pela frente para combater as doenças que nem sequer desconfiavam poder vir a ter. E também de recuperar a forma física na intimidade - já que a disfunção eréctil não é um mal irreversível. "Durante anos ensinei que esta era uma condição progressiva." O mal-entendido acabou no início desta década, quando se descobriu que um terço dos homens em todo o mundo viu a doença simplesmente regredir, depois de adoptar um estilo de vida saudável.
O recuo, conta Shabsigh, é avaliado através da massa corporal: quanto maior for este índice, mais baixo é o nível de testosterona. Como saber, então, se a doença está a regredir? A resposta está na barriga. "A obesidade abdominal mostra que há muito pouca quantidade de hormonas sexuais." E essa ausência está associada à alta taxa de mortalidade da população masculina. "A testosterona afecta tudo, desde a saúde óssea, à circulação sanguínea, músculos, massa gorda, etc."
Disfunção eréctil antecipa danos que avançam em silêncio: "Quando alguém sofre um ataque cardíaco hoje, quer dizer que o enfarte começou há 25 anos." Doenças cardiovasculares são processos lentos que evoluem sem alertas. "Os males crescem sem ruído e, por isso, continuamos indiferentes à hipertensão, ao colesterol ou à obesidade."Até ao dia em que é demasiado tarde. Mas não tem de ser assim. "Hoje sabemos que a disfunção eréctil é o primeiro aviso de que perturbações graves estão a caminho." É caso para dizer que um mau desempenho sexual pode salvar um homem.
in jornal "i" online, 30-6-2009
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