Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Mulheres portuguesas: A masturbação já não as assusta...

Um estudo português revela que as mulheres já não têm medo de tomar o prazer sexual nas próprias mãos.




"Não critiques a masturbação. É apenas sexo com alguém que amo." Mais claro é impossível. A frase de Woody Allen, no filme "Annie Hall", é uma definição digna de constar num dicionário. Mas que os homens estão à vontade com esta forma de amor e que falam dela sem problemas não é novidade. Billy Idol "dançava" sozinho, Prince cantava acerca das variadíssimas utilidades de uma revista em "Tamborine", e até Elvis Costello, muito antes do romântico "She", já elogiava a prática em "Pump It Up". E as mulheres? Será que a masturbação continua a ser uma forma de prazer reservada apenas aos homens?

A psicóloga Ana Alexandra Carvalheira, do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, quis investigar o tema e concluiu que as mulheres estão cada vez mais à vontade com o seu próprio corpo e com a masturbação. Das inquiridas, 79,6% toca directamente os genitais e apenas 8,5% nunca se masturbou.

Este comportamento demonstra uma boa vivência sexual. "A masturbação permite um conhecimento do corpo. A mulher só sabe que o clítoris é importante se o tocar e souber que ele existe." Aliás, o estudo indica ainda que as mulheres que se masturbaram na adolescência têm mais facilidade em ter orgasmos, comparadas com as que não o fizeram. Mas a investigadora, de 36 anos, explica, que apesar de os dados indicarem uma mudança, não representam a totalidade das portuguesas. "O estudo é representativo das mulheres utilizadoras da Internet, que vivem no meio urbano e têm cerca de 30 anos."

Diversidade Vibradores, chuveiros, almofadas, corrimãos e até selins de bicicleta. É caso para dizer que imaginação não lhes falta. "As mulheres têm uma maior plasticidade erótica do que os homens." Mesmo assim, continuam a ter sentimentos contraditórios em relação à masturbação: 14,3% têm vergonha e 9,5% sentem-se culpadas por o fazer. Estes preconceitos reflectem-se nas formas de masturbação.

Cerca de 20% masturbam-se sem se tocar. A psicóloga explica porquê: "É a pesada herança judaico-cristã que está associada ao modelo reprodutivo do sexo e à ideia de que a masturbação é pecado. Mas isto está a mudar. A educação das mulheres é menos repressiva e a sexualidade é vivenciada com mais liberdade."

A investigadora indica outra razão para o sentimento de vergonha. "Muitas mulheres estão insatisfeitas com a sua imagem corporal e a sexualidade passa pelo corpo."

Apesar disso, os dados de Ana Alexandra Carvalheira demonstram que a maioria das mulheres tem orgasmos nas relações sexuais. E até poderiam ter mais, a julgar pelos 56% que afirmam que gostariam de receber do parceiro melhor estimulação sexual. "A mulher deve comunicar o que deseja, porque os estímulos que eram adequados aos 20 anos, não são aos 40. O desejo feminino é muito flutuante e é influenciado por muitas variáveis psicológicas - como as emoções, o cansaço -, e biológicas, como as hormonas e até os fármacos."




Texto in jornal "i" online, 29-6-2009

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.