Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Só neste país: Álvaro Pereira Duarte soube pelo banco que estava "morto"...

- Alberto Costa, ministro da (in) Justiça -


«Erro do Ministério da Justiça engana Segurança Social. BES estranhou movimento na conta de "falecido".

Soube pelo banco que estava "morto" e descobriu no Registo Civil que estava "enterrado" num cemitério de Lisboa. Um erro do Ministério da Justiça tirou a pensão a Álvaro Pereira Duarte, de 63 anos, morador na Trofa. Que está vivo, bem vivo.

O engano está a ser rectificado. "Eu estou vivo, estas coisas não deviam acontecer", afirmou, ao JN. No Registo Civil de Famalicão, onde nasceu, mostrou o atestado de residência assinado pelo presidente da Junta e escreveu o próprio nome num papel para comprovar a assinatura. E, depois de inúmeros telefonemas para Lisboa, asseguraram-lhe que tudo estaria tratado dentro de 15 dias. "A minha sorte foi o banco estar atento e ter-me alertado, senão eu ia lá chegar e não tinha dinheiro", desabafou Álvaro Duarte, que mora há seis anos na Trofa, com a mulher, Maria Goretti Silva.

Na tarde do passado dia 28 de Maio, o reformado recebeu o surpreendente telefonema do banco (BES), informando-o que lhe iam transferir o dinheiro das contas para a Segurança Social, porque estava "morto".

"A Segurança Social deu a ordem ao banco e eles acharam estranho eu estar morto e haver movimentos de conta através de multibanco. Ligaram-me", contou Álvaro Duarte. "Disseram que estavam a tirar-me o dinheiro das pensões porque eu estava a receber sem ter direito, dada a minha condição de falecido", acrescentou. Teve que esclarecer que estava vivo. E, sublinhou, o banco prontificou-se a ajudar.

"Uma senhora da Segurança Social ligou-me e disse que eu tinha que mandar a certidão de nascimento, sem o óbito, e a fotocópia do bilhete de identidade", referiu.

Preocupado, foi até ao Registo Civil da Trofa, para consultar a própria certidão de nascimento. O documento atestava que ele, Álvaro Pereira Duarte, nascido no dia 9 de Outubro de 1945, em Famalicão, tinha morrido a 27 de Fevereiro de 2009 e estava enterrado no cemitério de Benfica, em Lisboa. Em seguida, passou três horas na Segurança Social. "A senhora ligava para Lisboa e passavam a chamada para muita gente antes de chegar a quem realmente me podia ajudar", contou.

Ao JN, a Segurança Social disse o mesmo que tinha dito a Álvaro Duarte: "A pensão de velhice antecipada do senhor Álvaro Pereira Duarte foi cessada em Junho de 2009, por motivo de falecimento, conforme comunicação electrónica recebida do Ministério da Justiça".

Detectado o erro, estão a ser efectuadas diligências para corrigir o registo civil e processar a pensão devida no mais curto espaço de tempo possível.

Ainda assim, há pormenores que Álvaro Duarte continua a não perceber: "Por que razão não contactaram a minha família a avisar do meu suposto falecimento e por que é que vieram tirar-me o dinheiro da pensão três meses depois?" »
in JN online, 08-6-2009

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.