Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Trabalhadores descansam um terço do próximo ano...


"O próximo ano terá menos fins-de-semana prolongados e possibilidades de ponte do que 2008, mas continuará generoso. Cinco feriados vão calhar à terça ou à quinta-feira e em Junho será possível tirar umas miniférias.

Em 2009, quatro dos 14 feriados nacionais calham ao fim-de-semana, mas os restantes possibilitam tirar dias-extra de descanso, para quem tenha possibilidade de fazer essa ginástica. Às cinco possibilidades de ponte juntam-se quatro fins-de-semana prolongados, fruto de feriados à sexta ou à segunda-feira.

Dos feriados nacionais, apenas o 10 de Junho calhará a uma quarta-feira, mas como o Corpo de Deus é no dia seguinte, será possível ficar cinco dias em casa nessa semana, metendo apenas um dia de férias na ponte de sexta-feira.

Embora continue fértil em fins-de-semana prolongados, 2009 não será tão generoso quanto 2008, em que houve sete pontes e cinco fins-de-semana prolongados, no Porto, e seis pontes e seis fins-de-semana de três dias, em Lisboa. As diferenças explicam-se pelo São João e Santo António.

Em 2009, se forem somados feriados nacionais e locais, fins-de-semana, pontes e os 17 dias úteis de férias que restam - para usufruir das pontes, será necessário gastar cinco dos 22 dias previstos na lei -, verifica-se que o ano terá 137 dias de descanso (136 em Lisboa ou nos concelhos que comemoram o Santo António, que calha a um fim-de-semana).

Aos feriados civis e religiosos, têm ainda de somar-se as tolerâncias de ponto que algumas empresas e a Função Pública costumam dar, casos da Véspera de Natal ou da tarde de Quinta-feira Santa, esta última comum na banca.

Luís Bento, docente na Universidade Autónoma e consultor em recursos humanos, estima que, entre perdas de produtividade directas e indirectas, os feriados e pontes tenham um impacto de 1% no Produto Interno Bruto. A valores de 2007, a perda será de cerca de 1,6 mil milhões de euros.

"Com as actuais taxas de crescimento do produto, pode significar a diferença entre crescimento económico e recessão", ilustra o professor. Como custos indirectos, Luís Bento dá o exemplo de pessoas que tiram a manhã para ir a uma repartição pública e, como está fechada devido a uma tolerância de ponto, têm de voltar lá no dia seguinte e faltar novamente ao emprego. Outro caso são as empresas de logística que não recebem as encomendas e têm custos acrescidos devido aos atrasos.

Para Luís Bento, o problema poderia ser contido se, no início do ano, houvesse uma definição das pontes e tolerâncias de ponto a usufruir, para que as empresas soubessem com o que contar. Outra medida seria encostar alguns feriados ao fim-de-semana, como já acontece em alguns países.

Claro que há trabalhadores para quem a ginástica dos feriados e das pontes pode não fazer muito sentido. É o caso dos mais de 330 mil portugueses que acumulam dois empregos, dos 2,7 milhões de pessoas que trabalham ao sábado e dos 1,3 milhões que o fazem ao domingo."
in JN online, 03-12-2008

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