sexta-feira, 5 de junho de 2009
Carlos Araya: De empresário de luxo a empregado de mesa...
«E se no espaço de poucos meses o seu rendimento anual passasse de 140 mil euros para 17 mil? Foi o que aconteceu a Carlos Araya, que de um luxuoso nível de vida enquanto negociador de petróleo passou a empregado de mesa de um restaurante por não conseguir encontrar emprego na sua área.
Com 38 anos, duas filhas e um estilo de vida que incluía lagosta ao jantar e garrafas de vinho de 150 euros, Carlos Araya foi apanhado de surpresa pelos efeitos da crise económica quando, em 2007, perdeu o emprego no prestigiado New York Mercantile Exchange .
Hoje, a trabalhar num restaurante de luxo onde era cliente habitual, ganha oito vezes menos do que há dois anos. Mas não tem opção: encontrar emprego de acordo com as suas qualificações tornou-se uma tarefa impossível.
A história de Carlos Araya, contada ao Wall Street Journal , não é única. De acordo com o jornal, a crise financeira arrastou muitas famílias de empresários de Wall Street , antes acostumados a salários confortáveis.
Em comum têm a dificuldade em conseguir encontrar um novo emprego especializado, onde consigam ter um rendimento semelhante ao que tinham há tão pouco tempo atrás.
Sombra do desemprego em Nova Iorque
Desde Agosto de 2007, cerca de 25 mil pessoas do sector financeiro de Nova Iorque perderam os seus empregos. Até ao início de 2012, o Departamento de Emprego do Estado de Nova Iorque prevê que este número suba para 56.800.
As consequências já estão à vista: aqueles que antes contribuíam com donativos para programas de ajuda infantil, estão agora a pedir apoio para a educação dos seus próprios filhos.
As dívidas acumulam-se. Carlos Araya e a esposa, que trabalha como secretária de administração, têm despesas fixas que ascendem aos quatro mil euros por mês. No total, conseguem facturar em conjunto apenas 2800 euros.
Coisas como saídas em família para jantar fora, as aulas de ballet das filhas e até mesmo a televisão por cabo já foram banidas das suas vidas. Mesmo assim, as poupanças feitas nos anos anteriores estão a esgotar-se.
Todos os dias, Carlos passa duas horas na Internet à procura de emprego. Telefonemas a antigos colegas de profissão já lhes perdeu a conta e no último ano e meio foi a dezenas de entrevistas de emprego, nenhuma bem sucedida.
"É uma realidade difícil de aceitar", confessa Araya. "Quando via desempregados achava que eram apenas preguiçosos, que a culpa era deles. Agora aconteceu-me a mim". »
in Expresso online, 05-6-2009
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