«As oposições perderam toda a necessária virtude da sensatez
Parece claro que os diversos partidos na Assembleia da República estão apostados em copiar a bagunça política da Primeira República, onde vale tudo para agradar ao Zé Povinho à custa da inteligência política e de sustentabilidade do regime democrático. O PS de António Costa, que defendia as contas certas e manteve no limbo as reivindicações dos professores, os complementos de risco das forças de segurança e os aumentos de salários da função pública, deu lugar ao PS de Pedro Nuno Santos, que acaba de adoptar a irresponsabilidade característica do Bloco de Esquerda, para entrar na corrida de ver quem mais dá. Ou seja, as oposições perderam toda a necessária virtude da sensatez e o Governo, pelo seu lado, parece não ter mão nos acontecimentos. Por outro lado, aparenta que os diferentes agentes políticos, com a ajuda da comunicação social, beberam uns copos a mais, como tentarei resumir.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Marcelo Rebelo de Sousa, no jantar com a comunicação social internacional, parece justificar a hipótese anterior, na medida em que por isso, ou por outras imperscrutáveis razões, resolveu partir o resto da loiça que restava no armário do regabofe nacional. Comentários ruinosos sobre as características de dois primeiros-ministros, relações familiares pouco recomendáveis, responsabilização da Procuradora-Geral da República de ter um comportamento maquiavélico e não terminou antes de assacar aos portugueses a responsabilidade de compensar os povos coloniais por razões do seu fórum íntimo, já que o Governo e a Assembleia da República não foram tidos nem achados. Aparentemente, o Brasil de Lula da Silva já se colocou na primeira fila, de mão estendida. Ou seja, com este Presidente da República não faltaram motivos de diversão na data festiva do 25 de Abril, com a provável extensão a todo o ano, mas ideias para resolver os problemas do país, nomeadamente a instabilidade política, não são matéria que preocupe o habitante de Belém.
(...)
FERROVIA E PORTAGENS
Não consigo compreender a posição silenciosa da AD na questão da ferrovia, porquanto a posição do PS e de Pedro Nuno Santos de privilegiar abitola ibérica e de, por essa via, evitar a concorrência internacional, é contrária às decisões e
apoios de milhares de milhões de euros da União Europeia, para já não falar da liberdade de comércio de todo o mundo democrático.
Por outro lado, a decisão do PS e do Chega de reduzir o custo das portagens é um incentivo objectivo ao uso do automóvel e de sinal contrário das proclamadas preocupações do PS com o ambiente e vai no sentido do vazio ferroviário criado pelos seus governos. Veja-se que a nossa vizinha Espanha tem hoje a mais moderna rede ferroviária da Europa, paga em grande parte com fundos europeus, enquanto Portugal está a perder essa oportunidade."
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