Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

AMOLADOR de Lisboa



 

“Nunca em nenhum país ouvi apelo mais melancólico, mais dilacerante, que o do amolador de Lisboa.
Anuncia a sua passagem tirando de uma flauta de pã alguns sons de uma tristeza perturbadora, longos, incertos e subitamente abafados num apelo agudo como uma canção ferida.
O amolador assobia o seu desespero, sobretudo nas tardes calmosas, quando o sol adormece as grandes árvores e uma brisa vítrea acaricia as calçadas”
Este bonito retrato do amolador lisboeta- ofício de afiar as lâminas de facas, tesouras, navalhas e cutelos - foi escrito por Mircea Eliade, historiador e romancista romeno, que trabalhou, como adido cultural durante a II Guerra Mundial, na delegação diplomática romena em Portugal.

(📷 Mário Pinto | Arquivo Municipal de Lisboa)
Texto in "O Bosque Proibido"

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.