O edifício tem uma história muito triste e misteriosa. É, de facto, uma construção com 100 anos pois começou a ser construída em 1919, por vontade de um homem muito rico, Francisco de Almeida Grandella, dono dos famosos Armazéns Grandella, no Chiado, em Lisboa.
O homem era pessoa iluminada e muito atenta à realidade, sendo um notável comerciante e ainda maçon, dos que cuidavam dos seus e dos outros. Lembrou-se de construir ali um sanatório para tuberculosos, a doença da época e que matava tanta gente.
Como se entende o traçado arquitetónico é de evidente inspiração maçónica, com a estrela de sete pontas e os pilares que sustentam as lojas dos maçons, são os símbolos mais evidentes quando se olha para a estrutura edificada numa imagem aérea. Nada que fosse de admirar.
Naqueles tempos, esta era uma doença terrível e contagiosa, que ceifava vidas e de tratamento muito complexo. Naquele tempo, o Cabeço de Montachique ficava longe de tudo e ali seria o local ideal para a implantação de um sanatório. Sanatório Albergaria, foi o nome escolhido por Grandella.
Os problemas económicos que se seguiram à I Guerra Mundial deram cabo da vida de muita gente e este homem não escapou a esses problemas. Contudo o projeto tinha outros mecenas e a maçonaria terá providenciado uma coleta entre irmãos que reuniu uma soma considerável, suficiente para concluir o projeto.
O ano de 1921 trouxe um milagre, com o nome de vacina BCG, que combateu a bactéria que causava a doença e a tuberculose deixou de ser uma questão mortal. A morte chegou a esta ideia louvável e Grandella desanimou e desesperou. Segundo a lenda que se criou nessa época, o homem enterrou algures por ali um cofre com o dinheiro doado para a construção.
O terreno foi vendido e o novo proprietário nunca se pôs a cavar à procura dele. Quando comprou as ruínas tinha a ideia de fazer um lar para idosos mas entrou em conflito com a Câmara Municipal de Loures e não foi possível concretizar o novo projeto. É um sítio amaldiçoado, nada se constrói ali, pelos vistos.
Mais tarde projetou um hotel, aproveitando o traçado original e os materiais usados pelo arquiteto Rosendo Carvalheira com a traça original só que a ideia também não foi avante. Parecia que existia uma maldição que cobria a zona e não deixava avançar. Por fim decidiu colocar a propriedade à venda mas até hoje.... ninguém se chegou à frente para comprar.
Não deixa de ser curioso olhar para aquelas pedras, cheias de boa vontade, que nunca levaram a água ao seu moinho. Os antigos donos ficaram com a tristeza e sem ter alcançado a meta.
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