Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Este é o meu Bolinhas




O Bolinhas tem 25 anos.
Durante esses 25 anos nunca teve um acidente que danificasse algum sistema crítico, e nunca levou uma pintura da carroçaria inteira, aliás, na minha mão há 5 anos, não teve nenhum acidente e não levou qualquer tipo de pintura.
O seu motor Isuzu 1.7 conta com mais de 500.000 km reais.
Como se trata de um motor indestrutível, o motor do Bolinhas não consome óleo nem água entre revisões.
Durante esses 25 anos, milhões de carros foram produzidos, alimentando uma indústria e poluindo (como qualquer indústria), alimentando as necessidades de novidade do mercado e dos consumidores.
O Bolinhas como vem de uma altura em que os carros utilitários não tinham os 150 ou 200cv dos utilitários atuais, não necessita de uns pneus muito largos nem com um composto de borracha mais macio, logo, desgasta menos o asfalto que qualquer automóvel mais recente, e larga menos borracha durante esse tempo (sim, não são só os gases que poluem, é bom que se saiba).
Além disso, como o motorzito não tem assim essa potência e binário, a embraiagem também aguenta indefinidamente.
O Bolinhas gasta 4,5 litros em média aos 100km e como o dono do Bolinhas até é um tipo com alguma consciência, anda nas calmas com ele porque sabe que já tem alguma idade e os componentes periféricos vão-se degradando também.
O Bolinhas usa o pisca ao contrário dos carros novos que parece que é opção na altura de compra, as luzes funcionam todas, os travões também, as luzes interiores idem e, imagine-se, até a ventoinha da ventilação funciona e o ar quente.
O Bolinhas auto recicla-se.
Circulou de mão em mão durante estes 25 anos sem necessidade de ver as suas peças desmanteladas por uma máquina qualquer, sem ver o seu metal ser derretido e reutilizado por outra máquina qualquer, sem necessitar de 5 ou 6 robots a pegar nas peças novas e montar tudo de novo num veículo de outra marca e mais recente, sem necessidade de ter o sistema elétrico todo refeito (mais cobre com fartura), sistemas eletrónicos novos, tudo material novinho, fabricado por uma enorme indústria poluente.
As peças para o Bolinhas já existem, espalhadas por aí em tantos ferro velhos que vivem da venda de peças usadas, e como tem esta idade, as peças são em conta, além do mais não foram necessários também novos moldes e plástico (mais petróleo) para as fabricar.
O Bolinhas não precisou de nada disso para continuar a desempenhar a sua função.
Agora digam-me, o Bolinhas é mesmo o mau da fita aqui, ou estamos a falar de uns mafiosos que querem encaixar mais uns milhões à pala do Bolinhas e tantos como ele, e ainda, satisfazer um lobby de uma indústria automóvel, que pressiona para que se produza e venda mais!?






 

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.