Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

domingo, 13 de outubro de 2024

A Conquista de Santarém





Santarém foi conquistada aos Mouros por D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal.
O período de domínio muçulmano terminou a 15 de Março de 1147 com a conquista do castelo pelo rei português.
Segundo as crónicas da época, o rei e um pequeno exército de cerca de 250 dos seus melhores cavaleiros conseguiram tomar o castelo, depois de 25 homens terem escalado os muros, durante a noite de 14 para 15 de Março, e aberto os portões.
Os Mouros acordaram com os gritos das sentinelas e precipitaram-se para as ruas, oferecendo renhida resistência aos assaltantes, mas acabaram por ser derrotados e sofrer grandes perdas.
Na manhã do dia 15, Santarém passou a fazer parte do recém-formado reino de Portugal.
Santarém era uma cidade muito rica.
Já no séc. X, o escritor árabe Razi escreveu: "No distrito de Santarém a terra é muito abundante e rica; e os campos podem dar duas sementeiras por ano, querendo-se, tão boa é a terra de sua natureza".
Em 1147, D. Afonso Henriques preparou-se para atacar e conquistar Santarém.
Enviou Mem Ramires à cidade com o fim secreto de estudar o local e ver por onde seria mais fácil a escalada dos muros.
Mem Ramires entrou em Santarém com o pretexto de tratar de negócios.
Observou tudo cuidadosamente, tal como o rei lhe recomendara.
Quando regressou a Coimbra contou tudo ao rei e ofereceu-se para ser o primeiro cavaleiro a trepar os muros e levantar o estandarte real no interior do castelo.
Com um plano traçado, o rei saiu de Coimbra numa segunda-feira, dia 10 de Março de 1147.
Ia na companhia dos seus cavaleiros, entre os quais Fernando Peres, Gonçalo Gonçalves, Lourenço Viegas, Pero Pais e Gonçalo Sousa.
No segundo dia de marcha, D. Afonso Henriques ordenou a Martim Mohab que fosse com mais dois homens a Santarém.
Partiram com a missão de anunciar aos mouros que as tréguas ficavam suspensas por três dias.
Na madrugada de sexta-feira, a pequena hoste acampou em Pernes.
O rei falou com os seus cavaleiros: "Combatei por vossos filhos e descendentes, que convosco eu próprio estarei (...) e nada haverá, na vida ou na morte, que de vós me possa apartar".
Em seguida confiou-lhes o plano para o ataque a Santarém.
Quando os cavaleiros compreenderam que D. Afonso Henriques os queria acompanhar no ataque, tentaram dissuadi-lo.
O rei respondeu que preferia morrer a não tomar Santarém naquele ano.
Para sossegar os ânimos, o rei lembrou que em Coimbra, os monges de Santa Cruz rezavam pela vitória.
O rei ordenou que se escolhessem cento e vinte soldados, que se fabricassem dez escadas e que a cada dúzia de homens se confiasse uma escada.
Assim, com as escadas, a escalada dos muros da cidade seria mais rápida e segura.
Ao anoitecer, puseram-se em marcha rumo a Santarém, conduzidos por Mem Ramires.
Perto da cidade, seguiram por um vale entre o monte Iraz ou Motiraz e a fonte de Tamarmá.
Junto da cidade ouviram as vozes de dois mouros, as atalaias.
A hoste escondeu-se numa seara, esperando que os vigias mouros adormecessem.
Quando os vigias adormeceram, Mem Ramires utilizou a ponta de uma lança para prender uma escada ao topo do muro.
Esta, no entanto, caiu com estrondo sobre o telhado de uma casa.
Reagindo com rapidez, Mem Ramires ordenou a Moqueime, um moço de alta estatura, que lhe trepasse para os ombros e amarrasse a escada nas ameias.
Logo que a escada ficou presa, os cristãos subiram sem hesitar e um hasteou o pendão real.
Mas os mouros acordaram com o barulho e perguntaram: "Manhu? Manhu? (Quem é? Quem está aí?)".
Quando perceberam que estavam a ser atacados, gritaram: "Anaçara! Anaçara! (Nazarenos! Nazarenos!)".
Mem Ramires respondeu com o grito de guerra: "Santiago e rei Afonso!".
Fora dos muros, ouvia-se a voz do rei invocando Santiago e a Virgem Maria e dando a ordem de matança: "Matai-os a todos! Que nenhum escape ao ferro!".
Os que já tinham subido as escadas tentaram arrombar as portas, mas sem o conseguirem.
Então, os que estavam do lado de fora, atiraram-lhes um malho de ferro por cima dos muros, com o qual os de dentro partiram os ferrolhos.
Todos entraram, correndo.
Logo que passou a porta, o rei ajoelhou-se por um momento, agradecendo a Deus aquela vitória.
Muitos mouros morreram nessa noite.
Outros foram feitos cativos.
Quando se fez dia, nesse Sábado 15 de Março de 1147, já o rei D. Afonso Henriques era senhor de Santarém.
Desde então, a cidade de Santarém ficou sempre na posse dos portugueses.
(A conquista de Santarém aos mouros por D. Afonso Henriques, a 15 de Março de 1147, in Aguarela de Alfredo Roque Gameiro, pintor ribatejano, nascido em Minde, Alcanena, a 4 de Abril de 1864, e falecido em Lisboa, no dia 5 de Agosto de 1935)

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