O jornalismo não deve nem pode estar isento de críticas, mas convenhamos que não cabe a um primeiro-ministro - que, para mais, veste a pele de um governante europeu (como Sócrates se referiu a si próprio ainda esta semana) - definir o que é e não é jornalismo, lançando uma espécie de fatwas sobre certos órgãos de comunicação social e profissionais que não lhe agradam. Como não fica bem a um chefe de Governo gastar tempo a telefonar a redactores, actuando de um modo que pode ser visto como uma pressão constante sobre a comunicação social.
Numa palavra, o caso só se transformou em caso político porque o próprio Sócrates tinha transformado o jornal de sexta da TVI num caso político. Tivesse ele actuado com a distância própria de um estadista e nada nem ninguém o relacionaria com a demissão de Moura Guedes.
Convém, também, sublinhar que esta decisão da administração da Media Capital foi ilegal. Uma administração não pode, em circunstância alguma, imiscuir-se em decisões de carácter editorial à revelia da Direcção que ela própria nomeou. Como é bom, igualmente, recordar que a proximidade da Prisa (detentora da Media Capital) ao PSOE - e por essa via ao PS - torna o caso ainda mais suspeito.
O Expresso sempre foi, desde a sua fundação em 1973, um órgão livre e independente de todos os poderes políticos e económicos. Faz parte de um grupo livre e independente dos poderes, o único cujos interesses são centrados apenas em conteúdos de comunicação social.
Sabemos que a progressiva dependência de alguns órgãos de informação a manobras políticas e empresariais, as mais das vezes obscuras, afecta não só a credibilidade desses mesmos órgãos, mas a própria credibilidade do jornalismo, pagando o justo pelo pecador.
É por isso que vemos com apreensão cada vez maior as polémicas que têm rodeado alguns desses órgãos (como agora a TVI). E que, apesar dos benefícios bolsistas que a Impresa, proprietária do Expresso, possa ter pela perda de valor de um concorrente, condenamos em absoluto a forma e o modo como se pôs fim a um bloco noticioso. »
Editorial, Expresso online, 06-9-2009
Comentário de "lord byron", leitor do Expresso:
«Asneiras… mais…porque não!!!
Asneira nº1
“tinha-se tornado um alvo do primeiro-ministro. Num congresso do PS e, posteriormente numa entrevista à RTP, José Sócrates atacou o seu trabalho considerando-o "jornalismo travestido" e dizendo-se perseguido por ela.”
Esta é a primeira asneira e mentira, não foi ela o alvo do primeiro-ministro; foi o primeiro-ministro que se recusou a ser um alvo dela! Um alvo parado e calado, que com frontalidade e independência disse o que pensava daquele jornalismo. E o mais curioso é que não disse mais do que é dito pela grande maioria das pessoas que não fazem do “24horas” e do “CM” a sua leitura diária!
Asneira nº2
“Como não fica bem a um chefe de Governo gastar tempo a telefonar a redactores, actuando de um modo que pode ser visto como uma pressão constante sobre a comunicação social.”
Se um jornalista telefona a pedir esclarecimento de um facto é normal, se um politico telefona a um jornalista para lhe esclarecer um facto, não é bonito e é pressão, muito mais quando esse facto é uma mentira descarada de alguém (Publico) a soldo de um dono (Sonae) por pura vingança (não os deixaram ficar com a PT)!
Asneira nº3
“Tivesse ele actuado com a distância própria de um estadista e nada nem ninguém o relacionaria com a demissão de Moura Guedes.”
Se queremos estadistas na politica,TEMOS A OBRIGAÇÃO de exigir independência e isenção nos jornalistas!!! Uma moeda tem duas faces e parece que na imprensa isso é algo sempre esquecido! »
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