Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Passei por 'Cabo Carvoeiro Memórias' e trouxe de lá esta interessante Aula de História...

'A IMAGEM DO SANTO PADROEIRO DAS BERLENGAS FOI SALVA PELAS TROPAS LIBERAIS'


Depois de longos 60 anos de domínio filipino (de 1580 a 1640) os espanhóis, a muito custo, foram dispensados de nos governarem.
Foi a partir do dia 1 de Dezembro de 1640, dia fatídico para alguns mas de extrema alegria para a maior parte dos portugueses (alguns não aderiram à revolução - “Ceuta” é disso exemplo!).
Apôs a aclamação como Rei de Portugal de D. João, Duque de Bragança - D. João IV, a quem foi dado o cognome de “Restaurador os portugueses, proclamada a independência de Portugal e terminado o domínio espanhol, tiveram pela frente uma árdua tarefa tendo em conta que os espanhóis não aceitavam de bom grado a derrota nem o vexame sofrido.
Um dos primeiros cuidados do novo governo foi reequipar militarmente a Nação, na previsão de graves acontecimentos militares.
Peniche, atendendo à sua posição geográfica, não podia deixar de ser objecto de particular atenção pois era um dos pontos mais vulneráveis do reino para os ataques vindos do mar.
Como é sabido foram de grande monta as obras aqui realizadas para transformar Peniche numa das mais importes Praças Fortes do território nacional e, ao mesmo tempo, ordenou ó Soberano, a João Rodrigues de Sá, que fizesse levantar a planta de uma fortificação para a principal ilha do arquipélago das Berlengas.
A zona escolhida para o efeito, pela sua magnifica posição, constituiria também um dos pontos mais importantes para a defesa da Praça de Peniche já que proporcionava, pelos fogos cruzados com o já edificado Forte da Victoria, situado no extremo do Cabo Carvoeiro, a defesa de uma grande zona de navegação costeira.
Fazia parte da planta de construção uma pequena capela, espaço onde os seus militares pudessem encontrar conforto espiritual, nas horas de aflição perante as atribuições e responsabilidades que lhes estavam confiadas.
Em homenagem a el-rei D João IV foi escolhido para orago da referida capela SÃO JOÃO BAPTISTA’ incluído no calendário litúrgico a 24 de Junho de cada ano.
A sua presença naquele espaço sagrado como sentinela da toda a ilha prolongou-se por perto de dois séculos, o que lhe proporcionou testemunhar os diversos episódios ali vividos durante tão largo tempo.
Das diversas ocupações que ao longo dos tempos a ilha sofreu destaco a de 22 de Julho de 1833, quando foi aquele espaço ocupado por uma força de engajados liberais, em número de cento e cinquenta, tendo à sua frente o coronel Joaquim Pereira Marinho.
Ali estiveram em observação até que, no dia 25 do mesmo mês, a guarnição - fiel a D. Miguel - que se achava então na Praça de Peniche, uma força de quatro mil homens aproximadamente, abandonou a referida Praça. Era Governador o marechal de campo António Feliciano Teles de Castro Aparício que, com os seus homens se foi juntar a outras forças miguelistas.
O coronel Marinho, que foi previamente avisado deste abandono pelos pescadores Francisco Franco Antão e seus filhos, desembarcou em Peniche com aquele punha do de homens, fazendo flutuar em mais um ponto a bandeira dos liberais.
Ao abandonarem o Forte das Berlengas, então chama do “Forte de São João Baptista” - designação que chegou aos nossos dias - para evitarem qualquer destruição que fosse efectuada por futuros ocupantes, em boa hora, resolveram salvaguardar a Sagrada Imagem, bem como as restantes alfaias religiosas Assim as tropas liberais entraram em triunfo em Peniche com a referida imagem que colocaram na Capela da Fortaleza a Capela de Santa Barbara.
Embora nunca lhe tivesse sido destinado espaço próprio no corpo da referida Capela, foi a imagem colocada na sacristia que lhe ficava contígua, por cima do arcaz, com nicho próprio mandado construir para o efeito.
A imagem de São João Baptista do Forte da Berlenga, retirada do culto, faz hoje parte do espólio do Museu Municipal de Peniche onde se encontra devidamente conservada em armazém, esperando um lugar mais adequado à história que a envolve.


APONTAMENTOS DIVERSOS:
No decurso dos anos de 1951 a 1953 a Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais procedeu a importantes obras de conservação e restauro do Forte de São João Baptista da ilha da Berlenga, tendo ali sido instalada uma das mais apreciadas Pousadas Nacionais criadas pelo Secretariado Nacional da Informação (SNI).
No espaço onde anteriormente foi a Capela do Forte houve o cuidado, durante o restauro, de conservar a “pia da água benta” junto à porta da entrada, respeitando o seu local original e testemunhando ter ali existido uma casa de oração. Este espaço foi adaptado para servir de sala de jantar da Pousada. Mais tarde a maldade de alguém, decerto com o auxílio de uma marreta, destruiu a única peça que testemunhava ter sido ah a Capela de São João Baptista.
Mantém-se no cimo da muralha que dá para o actual pátio central do Forte (antigo terreiro) o campanário, com posto por duas colunas, onde funcionava o sino. Tinha duas missões distintas o uso dos seus toques: Convidar o pessoal a participar nos actos religiosos que ah se celebraram e substituir a corneta nos alarmes e nos toques militares .
Actualmente o local onde funcionou a sala de jantar da Pousada serve para espaço de convívio. A sala de jantar do Forte passou a funcionar na antiga cisterna, depois de obras de adaptação.


Texto de Fernando Engenheiro




Nota do Zorate:
Faz hoje precisamente um mês, aquando do casamento de uma minha sobrinha (Noiva do Mar, Atalaia, Lourinhã, 25-9-2010), estive a contemplar (ao longe) as Berlengas e o Cabo Carvoeiro.
Aconteceu ao fim da tarde.
Momentos bons eu vivi.
O meu filho 'apanhou-me' nessa contemplação:

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"Horta do Zorate" é um blogue pessoal, editado por Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo, fazedor desencostado, em autoconstrução desde 1958.