Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

terça-feira, 8 de outubro de 2024

Simone de Oliveira



Simone de Macedo e Oliveira, mais conhecida por Simone de Oliveira (Lisboa, 11 de fevereiro de 1938), é uma cantora, apresentadora, e atriz portuguesa.

Menina nascida no seio de uma família com pergaminhos, cresceu em Lisboa com a sua irmã Olga Macedo de Oliveira. Segue uma vida comum para a época e é aluna do Liceu D. Filipa de Lencastre. Casa aos 19 anos mas o matrimónio pouco tempo tem de vida, apenas três meses, uma vez que a violência doméstica a obriga a sair de casa.

Mais tarde, com António Coimbra Mano, com quem não se casa, tem dois filhos que educa com desvelo. Há uma situação curiosa, com uma professora da filha que, desconhecendo quem era a mãe da aluna, fica muito impressionada por ser tão aplicada. Uma ideia errada de que as artistas eram incapazes, que foi perpetuada por quem devia ter mente aberta.

Tem uma relação de sete anos com Henrique Mendes, um homem bem conhecido no meio da rádio. Mais tarde, com Varela Silva, vive um amor de vinte e três anos, que só a morte separou, deixando-a destroçada.

Em 1998 é confrontada com um cancro da mama, que supera com muita garra e esforço, tornando-se um exemplo de luta. O ano de 2007 leva-a à lembrança anterior pois volta a padecer da mesma doença, que supera.

Mulher de prémios merecidos, torna-se uma artista muito popular uma vez que a sua presença e voz representam a alma nacional.

O canto não fazia parte dos seus planos de vida mas a depressão onde mergulhou, devido à má experiência matrimonial, levou-a à escola de artistas da Emissora Nacional para se distrair.

Estreia-se em 1962, no teatro de revista e vence, nesse mesmo ano, o Festival da canção da Figueira da Foz. Em 1965 repete a façanha com o Festival da canção, ao interpretar Sol de Inverno e é eleita Rainha da Rádio. O caminho estava traçado.

A apoteose chega em 1969, com Desfolhada Portuguesa, de Ary dos Santos, canção vencedora do Festival da Canção. Uma letra que mexe com mentalidades bafientas e que é defendida com mestria pela voz da artista.

A vida pregou-lhe uma partida e perde a voz, ficando impedida de cantar. Contudo tudo faz para sobreviver. Inicia uma nova forma de estar que passa pelo jornalismo, radio, locução de continuidade até mesmo apresentação de espetáculos.

Toda a sua carreira se pauta pela qualidade e empenho que coloca em tudo o que faz. O cinema, o teatro e a televisão foram outras apostas ganhas, tendo sido anfitriã de um programa de televisão.

Continua a tocar todos os instrumentos que a vida lhe oferece e decide colocar um ponto final na sua tão longa carreira, com um concerto final no dia 29 de Março de 2022. A despedida teve lugar no Coliseu dos recreios e o público soube estar à sua altura.

 

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.