Sócrates não pode escolher a família, mas pode escolher os amigos...

Estou convencido que José Sócrates não está envolvido em actos de corrupção no chamado caso Freeport.

Os factos são antigos, e se José Sócrates estivesse ligado á coisa, a sua carreira politica há muito que teria ido por água abaixo.

Sinto-me inclinado a acreditar na tese de que alguém, nomeadamente o seu primo Hugo Monteiro, se terá servido do nome do primeiro-ministro, para sacar aos ingleses os tais milhões que se falam, sem que isso tenha envolvido José Sócrates directa ou indirectamente.

Neste caso, na minha modesta opinião, o azar de Sócrates consiste em ter, eventualmente, na sua família, pessoas que não são gente de bem. Acontece. Família boa ou má, tem-se, não se escolhe.

Estou convencido que as faladas escutas que envolvem Armando Vara e José Sócrates, não irão revelar qualquer ilícito criminal do nosso primeiro-ministro, mas...

Fui militante do PS vinte e tal anos. Conheço Vara e Sócrates. Ambos, juntamente com António José Seguro, António Costa, José Lamego - para só citar alguns - fazem parte de uma geração de quadros do PS cuja ascensão foi galopante nos anos 90, nomeadamente depois de Guterres ganhar a Jorge Sampaio a direcção do partido.

Quem conhece Armando Vara - eu conheço, e Sócrates conhece bem - sabe que se trata de alguém com uma ambição desmedida. O seu percurso, apesar de algum mérito ter, está repleto de promiscuidades. A famigerada Fundação para a Prevenção e Segurança, que ficou conhecida como Fundação "Vara-Patrão", é um dos maus exemplos do seu percurso politico.

Sócrates pode telefonar a um amigo? Pode.

Só há aqui um pequeno detalhe: os amigos (ao contrário da família), podem e devem ser escolhidos...

Alberto João