Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

quinta-feira, 15 de março de 2012

Otelo, em que ficamos, pá?


«Otelo defende atuação das Forças Armadas

O coronel Otelo Saraiva de Carvalho afirmou hoje, em Coimbra, que só as Forças Armadas, em nome do povo, poderão resolver o problema da perda de soberania de Portugal, como a que atualmente se verifica, derrubando o Governo.» in Expresso online, 14-3-2012



Otelo não pára de me surpreender.

Em 1974, apesar de não estar em causa a soberania de Portugal, já Otelo defendia (e bem) a actuação das Forças Armadas.

Tanto assim que juntamente com outros capitães derrubou (e bem) a ditadura, e consequentemente devolveu (e bem) ao povo português a liberdade perdida.

Quatro anos depois (1978), já Otelo defendia (e mal) um '50 de Abril'. Ou seja um 25 de Abril a dobrar. Mas, desta vez, feito pelo povo. As Forças Armadas seriam induzidas a seguir (e mal) a acção armada do povo. Tanto assim que no Projecto Global criado por Otelo, uma das suas principais componentes era a ECA (Estrutura Civil Armada - publicamente conhecida por FP25), precisamente coordenada por OSCAR/UNIDADE (Otelo Saraiva de Carvalho).

Passados mais de 30 anos, sem que esteja (até ver) em causa a liberdade dos portugueses, Otelo continua a pensar (e mal) em resolver assuntos da democracia através das armas. 

"...só as Forças Armadas, em nome do povo, poderão resolver o problema...". As Forças Amadas em nome do povo? Então, mas os Governos não resultam da vontade do povo expressa nas urnas? Qual é a participação do povo nas estruturas das Forças Armadas?

Os anos que esteve preso (poucos, acho eu), parece que não lhe serviram de emenda.

Apesar de verificar que Otelo parou no tempo e continua com as suas ideias parvas, constato com agrado que, pelo menos, a criatura volta a defender que o lugar das armas é nos quartéis.

Talvez assim se consiga que voltem ao lugar certo as milhares de G3 que foram distribuídas por aí, e que, de quando em vez, lá aparece uma ou outra em  mãos criminosas.


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"Horta do Zorate" é um blogue pessoal, editado por Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo, fazedor desencostado, em autoconstrução desde 1958.