Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

sábado, 26 de abril de 2008

Síndrome de Hubris: A doença que intoxica os políticos


"Porque decidiram Bush, Blair e Aznar, nos Açores, a invasão do Iraque? A resposta pode estar numa condição conhecida como Síndrome de Hubris.


Nem a existência de armas de destruição maciça, nem a ambição de controlar o petróleo iraquiano. O que motivou a decisão de invadir o Iraque, tomada por George W. Bush, Tony Blair e José Maria Aznar durante a célebre cimeira dos Açores em 2003, foi um transtorno comum entre os políticos no poder, a síndrome de Hubris.


Esta é, pelo menos, a teoria do neurologista e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Britânico David Owen, que compilou no seu novo livro "In Sickness and in Power: Illness in Heads of Government During the Last 100 Years" ("Na doença e no poder: a doença nos chefe de Estado ao longo dos últimos 100 anos", numa tradução literal) as conclusões de seis anos de estudo sobre o cérebro dos líderes políticos.


A "doença" não está reconhecida pela Medicina, mas os sintomas são, segundo Owen, facilmente reconhecíveis: uma exagerada confiança dos líderes em si mesmos, desrespeito pelos conselhos daqueles que os rodeiam e afastamento progressivo da realidade. Quando as decisões se revelam erróneas, nunca reconhecem o equívoco e continuam convencidos que tomaram a decisão certa. "O poder intoxica tanto que acaba por afectar o juízo dos dirigentes", afirmou o político ao diário britânico "Daily Telegraph".


Foi este comportamento que, segundo o autor, levou Bush e Blair a descurar a reacção iraquiana às forças invasoras. "Estavam tão convencidos que a invasão do Iraque era a melhor opção e que receberiam as tropas de braços abertos que fizeram ouvidos de mercador às advertências dos políticos", considera Owen.


O exemplo do Iraque é o mais recente, mas a história revela inúmeros outros casos de "pacientes" afectados pela síndrome de Hubris. Neville Chamberlain (primeiro ministro britânico entre 1937 e 1940, Hitler e até Margaret Thatcher nos seus últimos anos no poder, todos eles foram atingidos pelo transtorno psicológico. Owen reconhece que também ele, no início da sua carreira política, deixou que o poder lhe subisse à cabeça - foi o mais novo ministro inglês dos Negócios Estrangeiros - embora sem nunca chegar aos extremos de alguns líderes históricos.


O fenómeno foi baptizado com o nome da palavra grega "Hubris" que designava o herói que, uma vez alcançada a glória, deixava-se embriagar pelo êxito e comportava-se como um Deus capaz de tudo. Em consequência, começava a acumular erros, encontrando a sua Némesis, que o devolvia à realidade."



in Expresso online, 26-4-2008

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"Horta do Zorate" é o blogue pessoal de Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo em autoconstrução desde 1958.