Destas mãos que falam, saem gritos d'alma, gemidos de dor, às vezes, letras com amor, pedaços da vida, por vezes sofrida, d'um quase iletrado escritor. Saem inquietações, também provocações, com sabor, a laranjas ou limões. Destas mãos que falam, saem letras perdidas, revoltas não contidas, contra opressões, das nossas vidas! (Alberto João)

terça-feira, 14 de abril de 2009

Morreu o artesão José Franco, criador da aldeia típica do Sobreiro, em Mafra...


Lisboa, 14 Abr (Lusa) - O director artístico da galeria de arte do Casino Estoril, Lima de Carvalho, descreveu hoje José Franco como "uma pessoa com grandeza de alma" e "um artista perfeccionista em absoluto".

O criador da conhecida aldeia típica do Sobreiro, em Mafra, faleceu hoje de madrugada no Hospital de Santa Maria, aos 89 anos, na sequência de complicações de saúde após uma queda no local de residência, na Ericeira.

"Perdeu-se um grande artesão", lamentou em declarações à Agência Lusa Lima de Carvalho, amigo do ceramista nascido em 1920, no Sobreiro.

"Era um escultor popular, fazia sobretudo peças pequenas, mas com grande minúcia, sempre com a preocupação dos pormenores. Fazia todas as nossas senhoras, os presépios, com grande perfeição", evocou.

Lima de Carvalho recordou também o sentido de humor do ceramista - "fazia muitas figuras com o dedo do pé arrebitado, porque, a seu ver, era sinal de alegria" - e lembrou "a felicidade com que criou a aldeia típica, sobretudo a pensar nas crianças".

Referiu igualmente a grande amizade que o oleiro manteve com o escritor brasileiro Jorge Amado, que visitou a aldeia típica nos anos 60 e com quem manteve contacto ao longo da vida.

Jorge Amado "comprou-lhe peças de cerâmica para decorar a sua casa, e escreveu um texto num catálogo de uma exposição" com obras do artista, em 1978, na Galeria do Casino Estoril.

"Eu o vejo, ao mestre José Franco, artista do barro e da vida, na aldeia saloia, cercado pelo respeito, pela admiração e pelo amor de sua gente. (...) Nasceu para criar beleza, para dar de si aos demais, para tornar mais rico o património do povo português com as imagens, suas figuras de barro, seus vasos utilitários, seus bois de longos cornos, seus peixes leves como versos, seus porcos líricos", escreveu Jorge Amado sobre o artista.

Lusa, última hora, 14-4-2009




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"Horta do Zorate" é um blogue pessoal, editado por Alberto João (Catujaleno), cidadão do mundo, fazedor desencostado, em autoconstrução desde 1958.