«Menina com leucemia terá agora de ganhar forças para poder receber o transplante de medula de um dador encontrado em Espanha.
Menos de uma hora depois da notícia ter começado a circular na rede social do Facebook, já mais de 400 pessoas tinham deixado comentários de felicitação a Marta, a menina de cinco anos que sofre de leucemia e para a qual foi ontem encontrado um dador de medula óssea compatível.
Mais uma prova de que o caso, que em dois meses levou cerca de 10 mil pessoas a inscreverem-se como dadores, continua a mobilizar pessoas em Portugal e no estrangeiro. E as recolhas não vão parar.
As boas notícias chegaram de Espanha e foram transmitidas à família pelo médico da criança, que continua internada no Instituto Português de Oncologia. Mas a descoberta de um dador compatível não significa que Marta seja imediatamente sujeita ao transplante. "Agora, antes de disso, a Marta tem de recuperar e de ganhar forças para se submeter ao transplante", explicou ao DN Maria João Drey, a tia da menina.
A criança encontra-se actualmente no hospital porque sofreu uma infecção e o seu estado de saúde agravou-se bastante. "Ela tem de recuperar da infecção que apanhou e a deitou muito abaixo. Deve estar a vir para casa em breve", acrescenta a tia, visivelmente satisfeita com a notícia. Neste caso, como em todas as situações de transplantes, o dador não é conhecido, nem tão pouco revelada a zona e o dia da recolha.
Ao DN, Hélder Trindade, do Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão, explica a delicadeza destas situações, que mexem com as expectativas dos doentes e variáveis impossíveis de controlar, como a própria saúde do dador. E são uma autêntica corrida contra o tempo.
Nestes processos, há o registo dos doentes que procuram transplantes -, cujos pedidos são encaminhados pelo médico - numa base de dados de dadores, gerida a nível internacional. "Quando é encontrada um dador compatível, algo extremamente difícil, é comunicado ao dador e ao médico do doente. Se o clínico tiver pedido para guardar esse dador, este fica retido até que o doente tenha condições para ser transplantado, o que pode não ser logo", explica Hélder Trindade. Normalmente, a busca do dador é accionada logo que se opta pelo transplante, para não se perder tempo.
O dador fica reservado até o doente estar preparado para a operação. Depois, volta a fazer exames e, se se mantiverem as condições, avança-se para a colheita de medula. As células são depois transportadas em contentores próprios até quem delas precisa, evitando uma deslocação. "As células é que transitam, não os doentes", diz o médico, acrescentando que, em 2008, em Portugal foram feitas 48 colheitas para doentes.
Desde Abril que Marta aguarda um transplante para tratar a leucemia, diagnosticada em Janeiro. Família e amigos sublinham que a gigantesca onda de solidariedade que se criou não pode parar, pois há muitas "Martas" à espera da sua vez. Hoje as recolhas prosseguem em Coimbra, Lisboa e Fátima. »
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in DN online, 03-6-2009
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Mensagem dos pais da pequena Marta:
«Soubemos hoje que foi identificado um dador de medula para a nossa filha Marta. Queríamos agradecer a todos todo o empenho demonstrado, e por isso gastávamos que fossem os primeiros a ter conhecimento disso.
A Marta foi apenas o rosto de um problema grave que atinge milhares de crianças. Por isso, nós pais, orgulhamo-nos de tudo o que foi feito a nível de recrutamento de dadores e continuaremos empenhados nesta causa. As crianças, que aguardam naqueles corredores dão-nos essa motivação.
Esta onda NÃO PODE PARAR!
Todos os dias aparecem novos casos e o processo de doação de medula continua a ser fundamental. Vamos com isto salvar muitas "Martas" e minorar o difícil tempo de espera por um dador e aumentar a esperança na solução. Não nos podemos esquecer que o simples facto de doar pode salvar uma VIDA.»
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02-6-2009, in: http://ajudaramarta.blogs.sapo.pt/
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